Mesmo apressado, ‘Wicked: Parte II’ entrega emoção e aprofunda história do musical
Continuação da saga de Glinda e Elphaba combina momentos comoventes, músicas inéditas e atuações de grande densidade
Cine R7|Do R7

Após meses de expectativa, Wicked: Parte II finalmente chega aos cinemas e confirma algo que já se insinuava na primeira parte: dividir a história em dois filmes foi arriscado, mas Jon M. Chu encontra neste segundo ato uma profundidade capaz de surpreender até quem conhece cada detalhe do musical de cor.
Elphaba (Cynthia Erivo) surge isolada na floresta, agora vista como vilã em Oz, enquanto luta para expor as mentiras que sustentam o Mágico (Jeff Goldblum). Glinda (Ariana Grande), por sua vez, brilha na Cidade das Esmeraldas — presa à própria imagem e às concessões que precisou fazer para mantê-la.
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Quando todos se voltam definitivamente contra Elphaba, as duas são obrigadas a revisitar escolhas antigas e encarar uma verdade incômoda: em Oz, todo bem tem um preço.
Mesmo com Jeff Goldblum e Michelle Yeoh compondo com precisão o Mágico de Oz e Madame Morrible, é Ethan Slater quem realmente surpreende. Seu Boq ganha densidade, espaço e complexidade, criando um contraste doloroso com Nessarose (Marissa Bode), cuja força dramática merecia mais tempo de tela.
Com 2h17, Wicked: Parte II é mais curto que o primeiro e, por vezes, a pressa é evidente. A cena após a queda da casa de Dorothy surge quase abrupta, como se o filme apenas cumprisse um requisito narrativo antes de seguir adiante. Essa sensação se repete em pequenos trechos, criando contraste direto com os momentos em que Chu decide expandir a trama com sensibilidade.
Quando o filme opta por dar fôlego, acerta em cheio. A infância de Glinda revela inseguranças que ecoam na personagem adulta, enquanto os animais de Oz — antes usados como ameaça — ganham espaço e relevância narrativa após a perseguição a Elphaba.
Nesse sentido, o longa dialoga com o presente: o Mágico representa discursos manipulados, verdades convenientes e a facilidade com que uma sociedade transforma dissidência em vilania — uma crítica clara a um mundo que ainda prefere buscar culpados fáceis.
Para os fãs de O Mágico de Oz, há um charme especial na presença do Espantalho, do Leão Covarde e do Homem de Lata. São aparições rápidas e cuidadosas, assim como a introdução de Dorothy, cujo rosto não é mostrado, preservando tanto a imagem de Judy Garland quanto o imaginário que o cinema consolidou ao longo de décadas.
As duas músicas inéditas são acertos inequívocos. No Place Like Home, referência direta ao livro de L. Frank Baum, aprofunda o dilema de Elphaba sobre permanecer em Oz, enquanto Girl in the Bubble explora o conflito interno de Glinda, evidenciando a distância entre sua figura pública e seu eu mais vulnerável.
Mas é em For Good que o filme encontra seu verdadeiro coração. Cynthia Erivo e Ariana Grande entregam exatamente a performance que o público aguardava: íntima, comovente e devastadora. Quando a música termina, é difícil conter as lágrimas — e impossível ignorar a sensação de que algo também mudou em nós.
E é a força desse momento que prepara o terreno para um desfecho mais amplo que o do musical, no qual o futuro de Oz é finalmente revelado. Ainda assim, o filme não pretende reinventar a história, apenas a concluir com honestidade.
Wicked: Parte II assume sem medo seu papel de continuação e o cumpre com segurança e emoção verdadeira. Ao fechar a história não contada de Glinda e Elphaba, o filme não apenas encerra um universo: celebra uma amizade complexa e eterna, reafirmando por que esse mundo continua encantando gerações.
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