Mesmo com elenco de peso, ‘Oh, Canadá’ tropeça em narrativa morna
Filme estrelado por Richard Gere e Jacob Elordi estreou nesta quinta (5) nos cinemas brasileiros
Cine R7|Giovane Felix

Richard Gere, Jacob Elordi e Uma Thurman. Três nomes de peso que muitos diretores sonhariam ter em um mesmo filme. Parece a receita perfeita para o sucesso. O que poderia dar errado? Infelizmente, quase tudo. O resultado é uma história desinteressante e sem propósito, que desperdiça o talento de um elenco tão promissor.
Oh, Canadá, que estreou nesta quinta (5) nos cinemas brasileiros, é o novo filme escrito e dirigido por Paul Schrader, cineasta de renome e indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro por seu trabalho como roteirista. Desta vez, no entanto, Schrader não brilha e entrega uma obra desconexa, sem vigor, que não faz jus à força do elenco e nem ao prestígio de sua carreira.
O longa acompanha Leonard Fife (Richard Gere), um cineasta com uma grave doença, que decide conceder um importante depoimento da sua vida a um ex-aluno. Nele, relembra sua juventude nos anos 60, quando fugiu para o Canadá para escapar do alistamento militar na Guerra do Vietnã.
Ao juntar os fragmentos da própria história, Leonard faz revelações surpreendentes e admite que sua trajetória, até então admirada, foi, na verdade, construída sobre mentiras e meias-verdades.

O principal problema de Oh, Canadá é sua narrativa morna e sem norte. Na tentativa de expressar a confusão mental do protagonista, que, em razão da doença, mistura memórias e fantasias, a obra se estrutura em uma montagem fragmentada, um vaivém temporal que, ironicamente, considerando o título do filme, não conduz a lugar algum.
Além disso, o diretor desperdiça os pontos de virada. Nos momentos mais interessantes da trama, o relato é abruptamente interrompido e o público é devolvido à estaca zero, apenas para ser conduzido, mais uma vez, a um novo fragmento sem resolução. Uma sucessão de quebras de expectativa que, em vez de instigar, frustram.
O filme foi um dos indicados à Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2024. Apesar da recepção fraca, o longa debate questões como moralidade e aparência de forma interessante. Crédito também para as atuações: Uma Thurman demonstra maestria mais uma vez, enquanto Jacob Elordi e Richard Gere encaram com sensibilidade o mesmo personagem em dois momentos distintos da vida.
A experiência também vale pela fotografia, que enriquece a obra com belas composições e uma direção de arte impecável. É uma pena que a narrativa não acompanhe o mesmo nível estético, já que a fusão desses dois elementos ofereceria um longa mais envolvente. No fim, trata-se de uma obra com um senso estético apurado, boas atuações, mas com um potencial subaproveitado.
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