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Oppenheimer brilha na parte técnica, mas tropeça no ego de Christopher Nolan

Filme, em cartaz nos cinemas, conta a história do 'pai da bomba atômica'

Cine R7|Lello Lopes, Do R7

Cillian Murphy em cena de 'Oppenheimer'
Cillian Murphy em cena de 'Oppenheimer' Cillian Murphy em cena de 'Oppenheimer'

Na mitologia grega, Prometeu foi um titã que roubou o fogo dos deuses e o entregou à humanidade. O caso provocou a ira de Zeus, que se vingou e puniu Prometeu com uma tortura eterna. A fábula é usada no prólogo de Oppenheimer, e serve tanto para ilustrar a vida do 'pai da bomba atômica' quanto a de Christopher Nolan, o diretor do filme.

Baseado no livroOppenheimer: O Triunfo e a Tragédia do Prometeu Americano, o longa se propõe a apresentar a vida do físico Julius Robert Oppenheimer, o diretor do laboratório que desenvolveu as bombas nucleares que destruíram as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki na Segunda Guerra Mundial.

Christopher Nolan
Christopher Nolan Christopher Nolan

Genial, controverso, narcisista e egocêntrico, Oppenheimer mudou a história do mundo. E foi usado e descartado pelo sistema político norte-americano após atingir o seu objetivo. Da mesma forma que Nolan parece se enxergar.

O diretor, que tem no currículo filmes incríveis como Amnésia, Batman: O Cavaleiro das Trevas, Interestelar e A Origem, tenta há anos se colocar como o salvador do cinema. Em 2021, ele saiu brigado da Warner após 20 anos porque o estúdio decidiu lançar Tenet simultaneamente nos cinemas e no streaming. Na época, muitas salas ainda estavam fechadas devido à pandemia de Covid-19.

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Em Oppenheimer, o ego de Nolan é visto em cada frame do filme de 70 mm em IMAX que ele usou para gravar a história. Apenas 30 cinemas no mundo (nenhum deles no Brasil) podem exibir o longa nesse formato que o diretor afirma ser fundamental para ter uma experiência completa.

Aliás, uma das exigências de Nolan para ir para a Universal após a saída da Warner foi ter a garantia do estúdio para que o filme ficasse o maior tempo possível nas salas de IMAX. E ele conseguiu uma exclusividade de três semanas nos Estados Unidos, desbancando Tom Cruise e seu novo Missão: Impossível.

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O aspecto técnico de Oppenheimer, principalmente o trabalho de som, de fato é brilhante. Assim como a atuação de Cillian Murphy no papel principal, ajudado pelos ótimos Robert Downey Jr. e Matt Damon como coadjuvantes. Mas Nolan se esquece que o cinema vai muito além disso. Falta coração ao filme.

Oppenheimer divide a história em três linhas temporais: o Projeto Manhattan e a criação da bomba, a apelação do físico para retomar a sua credencial de segurança (que dá acesso a instalações secretas) no pós-guerra e a audiência de Lewis Strauss (Robert Downey Jr.), ex-chefe de Oppenheimer, no Senado americano em busca de ser confirmado em um cargo no governo.

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Toda essa trama política, que usa como base a aproximação de Oppenheimer com o comunismo na juventude, tenta mostrar o jogo de poder por trás de um momento que mudou o rumo da história. Poderia ser interessante, mas acaba apenas levando o filme para um caminho muitas vezes enfadonho. 

Por outro lado, o longa explora muito pouco em suas três horas o ponto fundamental para entender Oppenheimer: saber como ele carregou o peso de sua criação, responsável por mais de 200 mil mortes nas explosões no Japão.

O que fica é a impressão de que Oppenheimer (o personagem e o filme), assim como Nolan, sente que sua genialidade é incompreendida.

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