Sensual e frenético, 'Rivais' transforma quadra de tênis em campo de batalha
Novo filme do diretor Luca Guadagnino traz triângulo amoroso com Zendaya, Mike Faist e Josh O’Connor
Cine R7|Giovane Felix
Sem dúvida, Zendaya é um dos grandes nomes atuais do cinema. Vencedora de Emmy, a atriz, de 27 anos, já havia demonstrado toda a sua aptidão frente às câmeras em Duna e na série de televisão Euphoria. Dessa vez não foi diferente. Ela leva suas habilidades de atuação a um novo patamar e entrega uma performance mais madura e arrebatadora em Rivais, que estreia nesta quinta-feira (25) nas telonas.
Com toda certeza, uma partida de tênis nunca foi tão frenética e dramática. O longa dirigido pelo italiano Luca Guadagnino e com roteiro do dramaturgo Justin Kuritzkes acerta ao combinar o drama esportivo com um jogo intenso de poder e sedução entre os protagonistas, se envolvendo na dinâmica do triângulo amoroso ao tempo que conduz a disputa em quadra quase como uma dança.
Na trama, acompanhamos Tashi Duncan (Zendaya), uma tenista prodígio que após tornar o marido Art Donaldson (Mike Faist) um famoso campeão do esporte, precisa tirá-lo de uma recente fase de derrotas. Para isso, ela o inclui em um torneio de nível menor, onde eles acabam se encontrando com Patrick Zweig (Josh O’Connor): ex-melhor amigo de Art e ex-namorado de Tashi.
A rivalidade acesa entre os competidores ultrapassa os limites da quadra e expõe um relacionamento complicado, que une disputa de egos, ressentimentos e muita química. Não tem como permanecer indiferente diante de Tashi. Com uma postura dominante e sedutora, a personagem de Zendaya mostra quem é que manda no jogo e direciona a atenção toda para ela, gerando amor e raiva na mesma medida em quem assiste.
Com fluidez, a história intercala passado e presente e vai mostrando aos poucos os atravessamentos na vida dos três tenistas, guardando os momentos-chave para a hora certa e aumentando ainda mais a tensão na tela, nos fazendo levantar dos assentos.
Para além das cenas quentes, a tensão sexual também se faz presente em quadra e em outros momentos da trama, se estabelecendo como elemento característico da obra. Aqui, o esporte não funciona apenas como plano de fundo, mas como engrenagem e combustível de emoções. É como Tashi nos ensina em certo momento do filme: o tênis é um relacionamento e o objetivo é vencer.
É admirável a forma primorosa com que Guadagnino eleva a narrativa. O cineasta já demonstrara maestria em trabalhos anteriores como Me Chame Pelo Seu Nome (2017) e Suspiria (2018). E mais uma vez acerta a mão.
O jogo de câmeras acentuado impressiona e ajuda a criar uma atmosfera enérgica que leva o espectador para dentro da tela. São movimentos rápidos, close-ups e ângulos não tão convencionais que transformam a experiência no cinema, dando destaque aos movimentos que acontecem na partida e aos corpos que estão em cena.
A cada golpe, um suspiro. Guadagnino entende a importância da expressão corporal dos personagens e não esconde nada. Pelo contrário, faz questão de mostrar cada detalhe, como o suor pingando do rosto de Art e o olhar fixo e sem remorsos de Tashi. Sem dúvida, é um dos pontos altos do filme.
Outro artifício muito utilizado pelo diretor é o slow-motion, que por vezes colabora no intuito de tencionar as ações dos personagens, mas que, pelo excesso, acaba se desgastando ao longo da trama. Contudo, não diminui o brilho do longa, que entrega um terceiro ato agitado e emocionante, embalado por uma trilha sonora eletrônica, incessante e de qualidade hipnótica.
Rivais é um melodrama que entretém e entrega um enredo sólido com sofisticação. Consciente do forte elenco, o filme apresenta interpretações consistentes e se beneficia da ótima sintonia entre os atores. De forma clara, Luca Guadagnino deixa sua assinatura na estética da obra e nos mostra que é possível transformar uma quadra de tênis em um campo de batalha.
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