Vozes de estrelas do cinema e da TV nacional salvam ‘Arca de Noé' de ser uma animação genérica
Animação, que estreia nesta quinta-feira (7), não cria uma identidade própria para a sua narrativa
Cine R7|Carol Malheiro*
Inspirado no livro homônimo de poemas de Vinícius de Moraes, Arca de Noé, que estreia nesta quinta-feira (07) nos cinemas, ilustra de uma forma lúdica e carismática uma homenagem ao consagrado cantor e poeta brasileiro.
O principal destaque da animação é a ótima dublagem. Nas vozes de estrelas do cinema e da TV do Brasil, os personagens ganham características próprias e se sobressaem nas cenas musicais. As letras dos versos de Vinícius de Moraes ecoam em uma grata homenagem ao compositor.
Contudo, o filme peca em não criar uma identidade própria em sua narrativa. Ao tentar contar várias histórias que permeiam a arca de Noé, a animação não se preocupa em desenvolver uma conexão com aqueles personagens e os relacionamentos que eles constroem entre si na história.
Apesar de possuir uma mensagem final clara, a narrativa se perde em concluir suas ideias. Vini e Tom, protagonistas dublados por Rodrigo Santoro e Marcelo Adnet, respectivamente, são mostrados pela história como músicos subvalorizados tanto por sua profissão como por serem ratos, animais considerados pequenos demais para contribuir com as tarefas da arca.
A trajetória, que parece desafiadora, se desenrola de maneira muito rápida, e dentro de poucas cenas já temos o início de um novo desafio, que em minutos se transforma em uma nova narrativa. Nesse ritmo acelerado, algumas histórias acabam antes da hora certa, com começo e fim, mas distantes de ter um verdadeiro desenvolvimento.
Outro aspecto negativo da animação é o excesso de similaridade com outras obras do gênero, como Rei Leão, Procurando Nemo ou até mesmo Rio. O que faz com que a obra, cujo intuito era transmitir o legado de Vinícius de Moraes para as novas gerações, seja uma mistura estética de inspirações norte-americanas.
É nesse momento que os tons vibrantes da animação e a dublagem carismática dão cor a uma história genérica. E, de novo, a música surge como elemento de destaque e torna essa história atrativa para o seu público-alvo: as crianças.
*Sob a supervisão de Lello Lopes
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