Documentário sobre John Candy não consegue mostrar a grandiosidade da vida do ator
‘John Candy: Eu Me Amo’ não traz muitas novidades sobre a história do comediante

John Candy foi um dos atores mais queridos de Hollywood. Ele fez sucesso nos anos 80 e 90 interpretando um tipo de papel: o sujeito bonachão, praticamente a representação de sua persona de fora da tela.
O documentário John Candy: Eu Me Amo, que estreou na semana passada no streaming, tinha a chance de mostrar um lado diferente do comediante canadense que morreu em 1994, aos 43 anos. Mas a falta de profundidade nos temas espinhosos da vida do ator deixam o espectador com a sensação de tempo perdido.
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Dirigido pelo nepobaby Colin Hanks, filho do astro Tom Hanks, o longa traça a história de Candy de maneira linear, contada pela família, colegas de trabalho e amigos.
Colin conheceu Candy quando o ator trabalhou com o seu pai em Splash: Uma Sereia em Minha Vida. “Mesmo quando criança, ele se conectou comigo. Ele me fez sentir ouvido, e é raro um adulto causar esse tipo de impressão em uma criança”, disse o diretor em entrevista à Esquire.
O tom do documentário é extremamente elogioso. Bill Murray, que trabalhou com Candy em Recrutas da Pesada, resume bem o espírito ao revelar que a única coisa contrária a dizer sobre o amigo é que ele, uma vez, estendeu demais a gravação de uma cena.
O bom-mocismo de Candy já era conhecido desde anos 80. Foi, inclusive, um dos fatores que fizeram o ator ser muito querido. É claro que isso deveria estar no documentário. Mas o filme deveria ter explorado mais outra faceta: a proximidade do comediante com a tragédia.
O pai de Candy morreu aos 35 anos de ataque cardíaco no dia do aniversário de 5 anos do ator. O assunto virou tabu na casa de Candy, que sempre achou que morreria cedo —previsão que, infelizmente, se cumpriu.
Candy também passou a vida lutando contra a obesidade. Um dos poucos momentos de brilho do documentário é justamente mostrar como o assunto era tratado pela imprensa na época, com entrevistas extremamente constrangedoras.
Já os problemas de ansiedade, o abuso de álcool e o consumo exagerado de cigarros são pouco mencionados no filme. O uso de cocaína, então, nem é citado, apesar do motivo de ele largar a droga, a morte do colega John Belushi por overdose em 1982, ser explorada.
Deixar de fora esses aspectos diminui a grandiosidade da vida de John Candy. Ficamos apenas com o personagem que já conhecemos. E aí é melhor usar essas duas horas do documentário para revisitar filmes como Antes Só do que Mal Acompanhado, Jamaica Abaixo de Zero, Esqueceram de Mim, Quem Vê Cara Não Vê Coração ou SOS — Tem um Louco Solto no Espaço.
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