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Estante da Vivi

‘Não sou famosa no supermercado’, conta Holly Black, fenômeno entre leitores brasileiros na pandemia

Na Bienal do Rio, escritora infantojuvenil americana conta que é vista como ‘suspeita’ por agradar a tantos adolescentes

Estante da Vivi|Vivian Masutti, do R7* e Vivian Masutti

A americana Holly Black, de 51 anos, que escreve para jovens
A americana Holly Black, de 51 anos, que escreve para jovens

Ainda sentindo a proximidade do público brasileiro, com quem conversa há anos pelas redes sociais, a escritora americana Holly Black, de 51 anos, recebeu o blog no segundo dia da Bienal do Rio para uma conversa sobre sua relação com os leitores, a amizade com Cassandra Clare, suas influências literárias e o crescimento a da literatura infantojuvenil no mercado editorial nos últimos anos.

Só Holly já escreveu mais de 30 livros do gênero (sendo o mais famoso As Crônicas de Spiderwick), que foram traduzidos para 35 idiomas. É best-seller do New York Times e vendeu quase 30 milhões de exemplares no mundo todo.

Eu a vi ontem na festa [de aniversário de 15 anos do selo Galera, no Rio] rodeada por fãs, alguns até bem emocionados, e queria saber um pouco do seu relacionamento com eles.

Holly Black — Ainda não cheguei a ter contato com todo mundo. Estou muito ansiosa porque venho conversando com meus fãs brasileiros nas redes sociais há muito tempo e ontem tive a oportunidade de conhecer alguns deles pessoalmente. É uma experiência realmente especial. Todo mundo tem sido supercaloroso, amável e muito gentil. Eu cresci numa época anterior às redes sociais e ter a oportunidade de conversar com outros escritores também é algo surreal para mim.


Durante a pandemia do coronavírus, seu livro O Príncipe Cruel teve um boom no TikTok. Quando você percebeu que era famosa por aqui?

Holly — Sempre que eu posto nas redes, meus leitores brasileiros entram e me avisam sobre tudo o que está acontecendo. Então, eu soube assim. E me disseram que eu precisava vir para cá. Então, como eu sou obediente, eu estou aqui.


Você e a Cassandra Clare são tão superamigas. Você costuma pedir alguns conselhos para ela quando está escrevendo um novo livro?

Holly — Sim, moro muito perto da Cassandra e muitas vezes nos reunimos com a Kelly Link [outra autora americana], escrevemos no mesmo espaço e trocamos manuscritos. É realmente maravilhoso ter pessoas para quem você perguntar se algo que você escreveu faz algum sentido. Quando escrevia O Herdeiro Roubado, que é meu livro adulto, eu estava tentando estruturar o romance de uma maneira muito particular e não estava funcionando. Então, eu achei que o tinha consertado e dei a elas para lerem. E elas disseram que eu piorei tudo. Então, eu só fui capaz de refazer porque elas estavam lá. Aí você sabe que seus amigos são pessoas honestas e isso é ótimo.


Gostaria que você falasse um pouco sobre o papel da literatura infantojuvenil no mercado literário hoje em dia.

Holly — Desde que estou publicando, há 20 anos ou mais, o mercado mudou enormemente. Era algo muito pequeno e, quando meu primeiro livro [Tithe] foi lançado, em 2002, eu fui a uma conferência da Sociedade de Escritores e Ilustradores de Livros Infantis, com alguns aspirantes a escritores e alguns autores consagrados. Acho que as pessoas foram instruídas a fazer networking no banheiro [risos]. Enfim, eu estava lá no banheiro e uma pessoa virou para mim e perguntou o que eu escrevia. Bem, eu disse que young adult [jovem adulto, na tradução para o português]. E ela se virou e disse a outra pessoa que YA estava morta, que ninguém queria escrever livros ilustrados para o ensino médio. Então você vê quanto isso mudou. Acho que YA ainda é uma categoria muito jovem. Mas tem sido extremamente emocionante fazer parte dessa mudança, com esses números tão expressivos.

Quem são suas principais influências?

Holly — Cresci lendo muitos romances de fantasia. Senhor dos Anéis foi uma grande influência para mim. Há uma escritora britânica, a Tanneth Leigh [de ficção científica], que foi uma grande influência, assim como Neil Gaiman e Anne Rice, que eu li muito. Michael Moorcock [outro britânico de ficção e fantasia] também aparece bastante no meu trabalho, porque a gente acaba imprimindo na nossa vida aquilo que a gente ama.

Como é o seu dia a dia agora que é uma autora consagrada?

Holly — Cassie, Kelly e eu costumávamos escrever quase todos os dias na casa da Cassie e, na pandemia, eu tive que voltar para o meu túnel, no meu escritório, que estava coberto de livros. Tipo, eu configurei minha área de trabalho e agora estou escrevendo muito mais sozinha. Adoro post-its e lápis de cor. Essa foi a grande mudança. E, se você falar comigo em dois anos, eu te contarei outra completamente diferente.

Você sofre preconceito por escrever sobre fantasia?

Holly — O gênero de ficção é certamente visto como menor. Se você escreve ficção infantil, é visto sempre como um bom sujeito. Em geral, suspeitamos dos adolescentes e do que eles gostam. Mas eu sempre fui uma leitora de fantasia e aceito todos os julgamentos.

Qual o lado ruim da fama? Você já foi intimidada por alguém nas redes sociais?

Holly — É complicado. Mas a fama de um escritor é uma fama menor, como se você fosse famoso só em alguns aspectos bem específicos. Você não vai ser famoso no supermercado. Então, a maior parte da minha vida permanece inalterada. As redes sociais, bom, elas são difíceis para todos. Então, para mim está tudo bem.

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* A jornalista viajou a convite da Bienal do Rio

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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