Nova edição de ‘O Carteiro e o Poeta’ mantém Pablo Neruda vivo 50 anos após a sua morte
Escritor é personagem de livro famoso por ter inspirado o filme de 1994 que conquistou o mundo e foi indicado ao Oscar
Estante da Vivi|Do R7
Quando Pablo Neruda morreu, em circunstâncias até hoje não esclarecidas, há 50 anos, ninguém poderia imaginar que ele reviveria com tanta força uma década depois, em 1983, como personagem do filme “Ardiente Paciencia”, dirigido pelo conterrâneo Antonio Skármeta.
Foi o próprio diretor quem adaptou a história para o formato de romance, publicado em 1985, com o nome de “O Carteiro e o Poeta”.
Aclamado pela crítica, o livro é considerado uma das melhores representações do clima social e político que antecedeu o golpe chileno de 1973 e fala de uma fictícia amizade entre Neruda e um humilde carteiro —que deseja ser poeta e cultiva um amor platônico por uma garçonete.
Mas foi em 1994 que uma nova adaptação cinematográfica fez a história percorrer o mundo e receber cinco indicações ao Oscar.
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Hoje, passados 40 anos, “O Carteiro e o Poeta” ganhou um novo filme para o streaming (em 2022), com o nome de “Ardente Paciência”, e uma nova edição brasileira, lançada pelo Grupo Record (R$ 54,90; 176 págs.).
Por aqui, o romance já vendeu 150 mil exemplares desde que a editora adquiriu os direitos da obra, em 1995. “Já foram feitas dezenas de reimpressões, duas reedições com capa nova, uma edição de bolso e uma versão em ebook”, conta Renata Pettengill, editora-executiva da Bertrand Brasil e de ficção estrangeira da Editora Record.
“A nossa edição com capa nova mais recente teve dois motivadores: a renovação do contrato de cessão de direitos de tradução e o lançamento na Netflix em 2022 de mais uma adaptação cinematográfica da história. Esperamos alcançar novos leitores, incluindo os que habitam as redes sociais e os que assinam o streaming, para esta obra clássica e imperdível”, completa Renata.
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Para aqueles que ainda não conhecem a história, a editora destaca como seus favoritos os trechos entre as páginas 58 e 60, que mostram os conflitos do carteiro de 17 anos —ele entrega diariamente a correspondência destinada a Neruda, enquanto aprende metáforas para tentar conquistar o coração de Beatriz.
Nem suas aparições em público nem a preguiça provocada pelo fato de não ter cliente a quem distribuir correspondência aliviaram a ânsia de abordar Beatriz González%2C que a cada dia aperfeiçoava sua beleza%2C ignorante do efeito que esses progressos provocavam no carteiro.
Quando este%2C finalmente%2C memorizou uma generosa quota de versos do poeta e se dispôs a administrá‑los para seduzi‑la%2C deu de cara com uma temível instituição no Chile%3A as sogras. Certa manhã%2C em que dissimulou sua espera pacientemente debaixo do poste%2C e que viu Beatriz abrir a porta de sua casa e saltou até ela rezando seu nome%2C irrompeu a mãe na cena%3B encarou‑o como a um inseto e disse ‘Bom dia’ num tom que inconfundivelmente significava ‘desapareça’.
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.