Band fecha com estúdios da Vera Cruz por 3 anos
Flavio Ricco|Do R7 e Flavio Ricco
O Grupo Bandeirantes acaba de fechar um contrato de 3 anos para utilizar os estúdios Vera Cruz, em São Bernardo do Campo.
A emissora ganhou um chamamento público. O local era um antigo desejo do presidente Johnny Saad e de toda sua equipe.
Os estúdios possuem mais de 3600 metros quadrados e já foram palco de grandes produções do cinema brasileiro. A história do cinema passa por lá.
As gravações do “MasterChef”, que desde o início aconteciam na sede do Morumbi, passarão para os estúdios Vera Cruz.
E no mesmo local também deverão nascer muitas produções e coproduções de série e filmes.
Novelas não fazem parte desses planos.
A empresa vencedora foi a PRH9, produtora de há muito constituída pela Band justamente pensando no momento ideal para atuar.
Todo o processo de utilização dos estúdios Vera Cruz pela Band deverá ser disparado em janeiro de 2022.
Nesses últimos tempos, o espaço era utilizado para exposições de móveis e gravações de programas de TV.
História
A Companhia Cinematográfica Vera Cruz surgiu em 4 de novembro de 1949. Fundada por Franco Zampari e sediada em São Bernardo do Campo, a produtora é um marco do cinema nacional, e representou uma mudança da indústria brasileira.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial e ditadura do Estado Novo, a vida paulista era tomada por uma cultura em agitação. Espaços culturais, como o Museu de Arte Moderna (MAM) e o Museu de Arte de São Paulo (MASP), foram inaugurados na década de 1940 - e o interesse pelo cinema só crescia.
Na época, as chanchadas estavam a todo vapor. O gênero fez sucesso em território nacional, principalmente devido aos filmes produzidos pela Atlântida. Apesar de o gênero não ser bem recebido pela crítica, os longas lotavam salas de cinemas do Brasil, mas não alcançavam outros países.
Desta forma, Zampari fundou a Vera Cruz com o objetivo de projetar o cinema brasileiro para o exterior. Ele chamou técnicos da Europa, investiu muito dinheiro com cenário, atores e câmeras - tudo para fazer com que o cinema nacional alcançasse padrões internacionais.
Porém, para conseguir alcançar padrão internacional, Zampari deixou de lado o cinema popular. Mas os técnicos europeus da Vera Cruz não estavam familiarizados com a cultura brasileira, muito menos com o estilo cinematográfico do País.
Sem apelo popular e sofrendo com a concorrência do cinema internacional, o dinheiro arrecadado em bilheteria não supria o orçamento dos filmes. Isso, adicionado à administração caótica da produção, levou ao endividamento e falência da empresa.
Os estúdios da Vera Cruz ficaram em atividade por apenas 5 anos, período no qual foram produzidos mais de quarenta longa-metragens.
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