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Flavio Ricco

Produtor musical Daniel Figueiredo fala sobre importância de trilhas, trabalhos na Record e vida nos Estados Unidos

Profissional já tem trilha de Neemias como próximo desafio e projetos com Anthony Hopkins e Mickey Rourke

Flavio Ricco|Flavio RiccoOpens in new window

Daniel Figueiredo, produtor musical Vini Martins

Daniel Figueiredo, renomado produtor musical e empresário, possui uma carreira de décadas como um dos compositores de trilha sonora mais bem-sucedidos do Brasil. Ele não tem dúvida de que este trabalho tem “o poder de amplificar a emoção da cena”.

Multi-instrumentista, ele é um dos mais requisitados para trilhas sonoras no país e também no exterior, onde mora atualmente. Figueiredo conversou com a coluna sobre sua área de atuação, próximos projetos e a razão de viver em outro país:

Como você analisa a importância das trilhas sonoras para produções do Audiovisual?

Além da trilha sonora ter o poder de amplificar a emoção da cena, ela é uma ótima ferramenta para dar outros pontos de vista para a mesma narrativa.


Nossos equipamentos estão à altura do mercado internacional?

Os equipamentos e softwares ainda são muito caros no Brasil, mas, como a tecnologia se desenvolveu demais, hoje em dia, com muito pouco investimento, se for compensado pelo talento, se conseguem resultados incríveis.


Diversos artistas e grupos marcaram época em trilhas sonoras de novelas do passado, como o Roupa Nova. No caso deste grupo, em específico, você acredita que ele foi uma referência?

Sempre digo que o Roupa Nova, pra mim, é um caso a ser estudado pela ciência. Tantas pessoas tão talentosas juntas por tanto tempo com tantos sucessos consecutivos e renovação de público é uma coisa extraordinária. Um dos maiores presentes que recebi na vida foi ter o prazer e honra de poder trabalhar, aprender e ser amigo de alguns dos integrantes da banda, e recentemente ainda, tive a grande honra de fazer a direção artística de uma música que eles produziram para o cantor Lucca Mauad, que foi lançada pelo meu selo XpandMusic.


Você produziu a trilha sonora de A Rainha da Pérsia. Quais foram os desafios?

Foi um grande desafio, mas, quanto maior o desafio, maior o prazer de realizá-lo. A Cristiane Cardoso [autora da série], através da gravadora MJC, nos explicou que ela gostaria de que a trilha fosse algo bem moderno e isso me deu liberdade para experimentar elementos e estilos que eu nunca pude utilizar antes nas novelas bíblicas, inclusive nas cenas, não nos atemos apenas aos instrumentos que são mostrados, dando um ar mais diferente e um conceito artístico audacioso.

Como foi exatamente o papel da Music Solution nesse processo de criação de trilha para A Rainha da Pérsia?

Nesses produtos o volume de trabalho, quantidade de músicas e os prazos curtos são muito desafiadores, por isso é um grande alívio poder contar com a Music Solution, além da minha equipe. É um orgulho enorme ser um dos sócios fundadores da Music Solution junto com o Luiz Helenio e Júlio Cesar.

Onde vocês foram buscar elementos (instrumentos e músicas) para a trilha?

Parte dos instrumentos foram pelas referências musicais que a Cristiane Cardoso indicou e outros vieram de pesquisa. Como teve esse conceito muito moderno, tentei utilizar novas técnicas de mixagem, feitas pelo mestre Nando Costa e o máximo de instrumentos virtuais mais modernos também.

E como anda o trabalho para Neemias, spin-off de A Rainha da Pérsia? O que o público pode esperar?

É outro projeto muito interessante também. Apesar de ser spin-off de “A Rainha da Pérsia”, a autora Raphaella Castro decidiu usar um outro conceito musical, bem menos étnico e com muitas vozes. Estou curtindo muito o resultado e acho que o público vai curtir bastante também...

Poderia comentar um pouco sobre sua trajetória?

Nasci em Cataguases, Minas Gerais. Depois de começar a colecionar discos, resolvi tocar violão, depois disso criei uma banda de garagem, toquei em bandas de bailes e consegui comprar um equipamento muito simples, mas que me dava a possibilidade de fazer e vender jingles. Fiz centenas de jingles e isso me proporcionou comprar melhores equipamentos e começar a produzir álbuns de artistas. Por volta do ano 2000 fui convidado pelos grandes compositores Álvaro Socci e Cláudio Matta para me mudar para o Rio de Janeiro e fazer arranjos para as composições deles.

Após isso eu também fui sócio do gênio Carlos Colla em um estúdio. Trabalhei com o DJ Robson Vidal e, entre tantos outros trabalhos e parcerias, produzi um álbum histórico da Beth Carvalho no Municipal.

Em 2005, o então diretor artístico Márcio Antonucci me convidou para fazer novelas na Record. A primeira foi “Prova de Amor”. Desde então passei a focar mais nessa área de música para o audiovisual.

Além das séries bíblicas da Record, você também já produziu para outros segmentos, como novelas e filmes?

Comecei a trabalhar para a Record em 2005 e, de lá para cá, foram muitas e muitas novelas, tradicionais ou bíblicas, inclusive o grande sucesso “Os Dez Mandamentos”, que também teve versão em formato de filme.

Aqui nos Estados Unidos tenho feito bastante trilhas para filmes bem interessantes e de vários estilos, como “Dirty”, “Speed Train”, “Battle for Saipan” e estou também fazendo a trilha de um dos próximos filmes da lenda viva Anthony Hopkins chamado “Eyes in the trees”.

Recentemente comecei a minha carreira de coprodutor aqui [nos EUA] também, com a minha produtora XpandFilms. Esse ano finalizaremos dois filmes que foram desenvolvidos a partir de histórias que criei e um deles tem nomes como, Brandon Ferr (Maze Runner: Correr ou Morrer, Histórias Assustadoras para Contar no Escuro, Hellboy…), Peter Facinelli (Glee, SWAT, Twilight …), além da [também] “lenda viva”, Mickey Rourke.

Por que a mudança para outro país?

A falta de segurança no Brasil sempre me afetou muito, então, em 2019, após um longo planejamento, me mudei para os Estados Unidos, mais precisamente para Los Angeles.

Essa mudança e o contato direto com “Hollywood” impactou muito positivamente na minha música e consequentemente na minha carreira.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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