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Jô Soares e Fábio Porchat vão às lágrimas em programa histórico 

Em entrevista histórica, Jô Soares falou de sua trajetória de sucesso, sobre política, ditadura e sobre a decisão de deixar a TV

Keila Jimenez|Keila Jimenez

Jô Soares e Porchat riram e choraram em encontro especial na RecordTV
Jô Soares e Porchat riram e choraram em encontro especial na RecordTV

Fábio Porchat abriu a gravação de seu programa nesta segunda-feira (16) chorando . Lembrou de quando, como e pelas mãos de quem ele descobriu o que queria fazer pelo resto de sua vida: “Fazer as pessoas rirem!”

Porchat tinha 18 anos, fazia faculdade de marketing, e foi ao programa no Jô Soares com os colegas de classe. Lá, entregou um bilhetinho pedindo para fazer um número de humor no palco do programa.

Jô leu o bilhete e chamou o moleque desajeitado para fazer graça no ar. Mal sabia ele que o ilustre desconhecido iria entrevistá-lo, anos depois, em seu talk-show na TV.

“Eu lembro de cada detalhe daquela cena. Ali não começou minha carreira, ali começou a minha vida, de verdade”, disse Porchat, chorando muito, ao anunciar a ilustre presença de Jô Soares em seu programa na RecordTV.


Uma entrevista histórica, emocionante. 

Porchat estava nervoso, avisou o entrevistado, mas não perdeu a oportunidade de arrancar grandes histórias de alguém que tem muitas para contar.


“Ninguém lança ninguém, a única exceção é o seu caso. Mesmo assim, eu não lancei, eu dei esse espaço e você aproveitou”, disse Jô.

O rei dos talk-shows no Brasil não poupou elogios ao amigo . Disse que só aceitou o convite por admirar e confiar em Porchat.


Porchat não conteve as lágrimas
Porchat não conteve as lágrimas

À vontade, Jô falou do término de seu programa na Globo, após quase 29 anos comandando programas de entrevista, dez anos só no SBT.

“Você está sentindo falta da TV?”, perguntou Porchat

”Não. Não sinto falta da TV. Eu fiz 15 mil entrevistas. Eu cumpri a minha missão. “, disse Jô

De coração aberto, Jô Soares se entregou ao programa. Riu, chorou, tocou bongô e contou sobre sua passagem pelo SBT, onde começou a fazer talk-shows.

”O Silvio Santos, que é maravilhosamente maluco, me telefonou me convidando para ir para a emissora e horas depois colocou no noticiário das sete da noite que eu iria para o SBT”, contou Jô. “Eu nem tinha assinado ainda.”

Porchat perguntou sobre a decisão de parar o programa na Globo e se era verdade que Silvio Santos tinha recusado o convite para ser o último entrevistado do "Programa do Jô".

“Eu disse: ‘Silvio, eu estou parando, e seria lindo terminar com você dando essa entrevista”, contou Jô. “Silvio então falou que encontrou uma cigana na Disney que disse que se ele der uma entrevista, ele morrerá no outro dia”, contou Jô, rindo.

Jô falou ainda sobre a ditadura, de sua carreira no humor, e dos projetos no teatro na literatura. 

Chorou ao lembrar que foi ele quem ligou para Caetano Veloso e Gilberto Gil para avisar que eles estavam na mira dos militares e seriam presos.

”O Gil, anos depois, me agradeceu no ar”, falou Jô, muito emocionado.

Ainda revelou detalhes de sua relação com políticos e membros do PT.

“O Lula me decepcionou”, disse Jô, que entrevistou o político treze vezes. “Eu e o Mercadante (Aloísio) éramos amigos”, contou ele. “Mas não sou petista. O artista tem de ser anarquista”, afirmou .

Lembrou de seu início de carreira na Record, na “Família Trapo”, ao lado do genial Golias. Falou da amizade com Carlos Alberto de Nóbrega e da relação tumultuada com Chico Anysio.

”Era uma relação de amor e de ciúmes. Todo amigo é ciumento”, contou Jô.

Ele ainda agradeceu a oportunidade de entrar novamente na Record, onde ele começou, décadas atrás.

”Eu sou muito agradecido a Record. Eu fico emocionado. Eu comecei aqui, fico muito orgulhoso de estar aqui”, disse Jô.

Ao terminar o longo papo, que vai ao ar ainda nesta semana, Jô passou o bastão.

"É por isso que não faço mais programa. Não precisa, tem ele!", disse, abraçando Porchat.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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