“A Cachorra”, de Pilar Quintana, é um romance de peso
A autora colombiana explora temas que são inerentes à vida de latino-americanos
Ligia Braslauskas Literatura|Do R7 e Ligia Braslauskas
Desde muito cedo, a vida de Damaris é marcada por tragédias e, apesar da companhia do marido, com quem mantém uma relação de altos e baixos, carrega uma solidão que deveria ter sido preenchida pelo filho que não veio. Cuidar da casa de veraneio há muito abandonada pela família Reyes ocupa seus dias, alivia sua consciência pelo que sente ter sido omissão sua no passado, mas nada disso lhe traz conforto.
Quando decide adotar a cachorra da ninhada de uma vizinha, Damaris tem a chance de desviar um pouco o foco das tentativas frustradas de engravidar. A fêmea que agora circula pela casa modesta faz aflorar instintos protetores e violentos, emoções díspares e profundas que supostamente só poderiam ser despertadas pela maternidade. A força e a intensidade dessa relação alteram tão drasticamente as dinâmicas de sua existência que Damaris já na sabe se a simples presença da cachorra fez sua vida ganhar ou perder, de uma vez por todas, o rumo.
“A Cachorra”, da colombiana Pilar Quintana, tem como ponto central o desejo de ser mãe e grande parte de sua força vem do cenário em que a trama se passa: a pobre e selvagem costa do oceano Pacífico colombiano, onde a própria escritora viveu durante nove anos.
O livro é ambientado em uma bolha de tempo desacelerado, na qual os acontecimentos se desenrolam com a típica lentidão sazonal de uma cidade de veraneio. É um romance contundente sobre vidas marginalizadas em um contexto bastante familiar aos latino-americanos.
“A Cachorra”
Tradução de Livia Deorsola
160 páginas
R$ 34,90 (impresso)
R$ 22,90 (e-book)
Editora Intrínseca
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