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Livro de Peter Handke, Prêmio Nobel de Literatura, aborda vingança

"A Segunda Espada" tem um herói que abre sua história reconhecendo no espelho diante de si a imagem de um vingador

Ligia Braslauskas Literatura|Do R7 e Ligia Braslauskas

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“E subitamente, a bola, as bolinhas de gude rolaram para algum outro lugar, bem diferente daquele imaginado no início dessa história. Para ela, a malfeitora, assim como para seus semelhantes, não havia lugar na história, nem nessa nem em qualquer outra. E aquela era a minha vingança. E aquilo bastava como vingança. Terá sido suficiente como vingança, Amém. Não a espada de aço, mas a outra, a segunda.” (p. 179)

“A Segunda Espada: Uma História de Maio” é a primeira publicação literária de Peter Handke após receber o Prêmio Nobel de Literatura 2019. Foi aguardada com grande expectativa, sobretudo porque a laureação do autor fez crescer a controvérsia envolvendo seu nome e as guerras na antiga Iugoslávia.

O livro não trata dessa polêmica diretamente, mas, por abordar uma vingança contra uma pessoa da imprensa, há quem diga que o texto é uma “alfinetada” da literatura em certo tipo de jornalismo que insiste em alimentar sensacionalismos.

Romance fora dos padrões e das convenções, e por isso “handkeano” por excelência, “A Segunda Espada” tem um “herói” que abre sua história reconhecendo no espelho diante de si a imagem de um vingador. Esse narrador em primeira pessoa, então, se propõe a vingar sua mãe, acusada por pessoa da imprensa, em um artigo de jornal, de simpatias nazistas. O que ocorrerá com esse projeto de vingança é um biombo para - como sempre em Handke - colocar em cena o ato da escrita.

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Seja pela tensão narrativa ou por outras questões estéticas, o fato é que sua campanha vingativa está o tempo todo em digressão. A narração atrasa, como que de propósito, a ação agressiva, preocupando-se em discutir diversas referências literárias, comentar a si mesma e fazer desse adiamento a ação que importa. Feito com a maestria de um escritor que se orgulha em ser sucessor de nomes como Homero, Cervantes, Tolstói, todos estes também excelentes na arte da digressão.

“A Segunda Espada: Uma História de Maio”

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Tradução de Luis S. Krausz

ISBN: 978-65-86068-03-0

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176 páginas

R$ 56

Editora Estação Liberdade

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