Como não explicar impostos para uma criança
Perguntas de crianças denunciam inquietações que precisam ser esclarecidas e impostos inquietam qualquer um desde cedo
Melhor Não Ler|Do R7

Seu filho já perguntou “como foi que eu nasci?” ou questionou, na frente da vizinha, se ela é a mulher que você chama pelas coisas de “rainha do barraco”? Essas são situações simples que todo pai e mãe tiram de letra, mas e quando a criança quer saber sobre impostos?
Assim como muitos pais, o casal José e Marieta Fontes tentou inúmeras abordagens com o filho Juninho, de 5 anos, mas nada fez o menino entender a razão de pagar taxas, impostos, tributos e outras contribuições obrigatórias. Para ajudá-los, acompanhamos uma sessão de terapia em família mediada pela psicóloga infantil Cassandra Scappada.
“O que você quer saber, Juninho? Pergunte e seus pais irão responder”, começou a psicóloga.
“O de sempre: por que todo mundo paga imposto?”, disparou o menino.
“Para que o governo nos dê coisas de graça”, respondeu a mãe.
“Mas se é de graça, por que tem que pagar?”, questionou novamente a criança.
“É de graça... mas não ‘de graaaaça’, entendeu?”, disse o pai meio constrangido.
“Não entendi!”, respondeu Juninho.
Nesse ponto, a psicóloga interveio e aconselhou os pais a sempre dizerem a verdade, sem enganar a criança. Seguindo o conselho profissional, o pai respira fundo e responde:
“A verdade é que a gente não tem escolha, filho... O povo paga porque é obrigado!”
“Obrigado por quem?”, emendou o menino.
“Pelas pessoas do governo.”
“E quem colocou essas pessoas lá?”
“O povo. Lembra que o papai explicou sobre eleição?”
Confusa, a criança questionou: “Quer dizer que o povo colocou ‘uma gente’ num lugar onde essa gente pode obrigar o povo a fazer o que o povo não quer?” Sem resposta, o menino cochichou com a psicóloga: “Doutora, acho que esses dois não batem bem da cabeça... A senhora não pode receitar alguma coisa para eles?”
Apesar de ter considerado a sessão um sucesso, por ter promovido um “avanço significativo” ao assunto, a Dra. Scappada lembrou que estava atrasada para um compromisso inadiável e pediu para remarcar a sessão para o dia 30 de fevereiro.
Esta crônica é uma ficção, mas poderia não ser...