Como o povo que mais reclama da vida reage às folgas e ao trabalho
O raciocínio é simples: como estar de folga é não trabalhar e trabalhar é não estar de folga, obviamente as reações têm de ser diferentes
Melhor Não Ler|Do R7
Quando se aproximam as festas de fim de ano – época que pode começar em novembro ou até antes – para o povo de um determinado país que tem tudo para dar certo, mas vive patinando, é hora de pensar nas comemorações.
Por mais que sejam apenas três feriados – 25 e 31 de dezembro e 1º de janeiro – entre 20/12 e 06/01 pouca gente se atreve a trabalhar. É que não dá para comemorar tudo em apenas 72 horas, além disso, há um caminhão de providências a serem tomadas que requerem muito planejamento prévio, como:
Quem vai na casa de quem; quem leva salgado, quem leva doce e quem leva bebida; itinerários bem elaborados para que quem tem carro possa buscar quem não tem e ninguém chegue atrasado; e é preciso trabalhar duro para que os desafetos façam as pazes e ninguém estrague a festança que, obviamente, não tem hora para acabar. Enfim, são tantos detalhes que não tem cabimento essa trabalheira toda pra depois folgar só três dias. Tem que ser, no mínimo, 15.
Já no trabalho, cada um que se vire, tanto para ir quanto para saber o que fazer. Se houver greve nos transportes, ainda que o vizinho vá para o mesmo local, pegar carona com ele não é uma opção. O sujeito não vai comparecer ao trabalho até que tudo volte ao normal. E é claro que chegar atrasado e sair mais cedo faz parte do pacote. E se há inimizades, é impossível trabalharem juntas. Ponto final.
Bom, mas depois da maratona de festas, de comer, beber e gastar o que não deveria em quantidades totalmente desnecessárias, o retorno ao trabalho é maçante e insuportável. Ninguém tem cabeça para organizar e planejar mais nada pelas próximas três ou quatro semanas. É melhor deixar qualquer decisão importante para depois do Carnaval.
Ah, o Carnaval! Hora de voltar ao planejamento pesado para que a folia seja perfeita. Apesar de ser apenas uma terça-feira de feriado, a folga começa na sexta anterior e vai até o domingo seguinte. Depois disso, aí sim, o ano começa, certo? Claro que não! Quem tem pique, gente? Só dá pra maldizer o mês de março por não ter nenhum feriado e começar a planejar as folgas de Paixão de Cristo e Tiradentes, que cairão ambas numa sexta-feira no ano que vem.
E para a alegria geral da nação, 2023 terá cinco feriados caindo numa quinta-feira, o que significa “enforcar” a sexta, porque não faz o menor sentido folgar num dia e trabalhar no outro para, em seguida, folgar novamente no sábado e no domingo.
Teremos 12 feriados nacionais, porém, entre um e outro, infelizmente, é preciso trabalhar, afinal de contas, como bancar as folgas, feriados e férias sem dinheiro no bolso? E assim, o povo da nação do “agora vai”, não vai a lugar algum. Apenas segue empurrando os dias com o foco em “sextar” e “sabadar”. E é claro que não dá para ser feliz no domingo, já que é justamente o dia que antecede a volta ao trabalho.
Agora a população está pensando em cobrar dos políticos que diminuam a carga de trabalho e, de preferência, tornem a segunda-feira ponto facultativo, pois nem todo mundo consegue recobrar os ânimos para voltar ao batente depois de um dia tão triste quanto o domingão. Bora pra rua, pessoal, pois esse projeto de lei precisa entrar na pauta do Congresso!
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