Estatística permite que se use uma verdade para propor uma mentira
Peggy Marco/PixabayDizem por aí que os amantes das letras detestam os números, mas isso não é de todo verdade. Aliás, talvez seja por isso que muita gente que escreve odeia matemática, mas ama uma estatística, afinal de contas, ela permite que se use uma verdade para propor uma mentira.
É bem simples: se eu não fui convidado para a sua festa de arromba, na qual 84% da cidade compareceu, posso destilar toda minha inveja, dizendo que 16% das pessoas recusaram o convite para o seu “rastapé”.
É a mais pura verdade e a estatística confirma, mas é claro que dar todo destaque à porcentagem dos que não foram e me referir à festa com uma expressão desdenhosa vai fazer com que os desavisados pensem exatamente aquilo que eu quero. Ou seja, que você deve ter dormido na pia por conta do fiasco que foi a sua festa, embora ela tenha sido um sucesso e você esteja radiante. Ai, que ódio!
Mas o que interessa, queridinho, é que da próxima vez eu seja o primeiro da lista, ou eu uso de todo meu poder estatístico-semântico para detonar o seu rala-bucho!
Qualquer semelhança com manchetes reais é mera coincidência.
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