Melhor Não Ler Justiça brasileira absolve réu confesso e anula sentença

Justiça brasileira absolve réu confesso e anula sentença

Em delação premiada, político entrega esquema de propina, confessa culpa, mas Justiça diz que ele se enganou e o solta

Na bondosa Justiça brasileira, bandido bom é bandido solto

Na bondosa Justiça brasileira, bandido bom é bandido solto

Pixabay

O Brasil não é para amadores, senhores. Por aqui acontecem coisas que são até difíceis de explicar, mas minha função aqui é, pelo menos, tentar. Sabe como é... emprego não está fácil e, como não sou político, preciso trabalhar duro para manter o meu. Então, vamos lá!


No longínquo ano de 2019, os seres humanos viviam em uma época em que não era preciso usar máscara de proteção e todos podiam se cumprimentar nas ruas com beijo, abraço ou aperto de mão. Naquela altura, as pessoas não eram dependentes de álcool (em gel) e tossir e espirrar não era considerado crime. Estranho, não?

Mas mais estranho do que os costumes daquela sociedade primitiva foi o caso do ex-ministro Tonico Palhoça, condenado a mais de nove anos de cadeia por conta de sua participação em um enorme esquema de corrupção que nem os melhores roteiristas de Hollywood poderiam imaginar. Para diminuir sua pena, Palhoça concordou em fazer uma delação premiada, que é um nome chique para o ato de dedurar a canalhada toda.

Ele confessou sua participação no esquema e contou como as maracutaias eram feitas, tintim por tintim. Entregou todos os “cumpanhero”, afinal de contas, nessa vida bandida é cada um por si, não é mesmo? Até aí, tudo bem!

Porém, a Justiça brasileira, em sua infinita bondade, resolveu que bandido bom é bandido solto. Logo, tratou de contemplar o condenado com uma “descondenação”. Enquanto Palhoça dizia que era culpado, a Justiça respondia que não, que tudo não passava de um grande equívoco.

Policiais foram chamados para remover a tornozeleira eletrônica do ex-réu confesso, atual descondenado, enquanto Palhoça se agarrava ao aparelho gritando: “Eu sou culpado, eu sou corrupto, eu faço parte do esquema! Tirem as mãos de mim! Eu quero a minha cela, me levem para o xilindró!”

Mas é claro que a Justiça, que é cega, neste caso também foi surda e fingiu demência, fazendo com que Palhoça fosse posto em liberdade imediatamente, com uma ficha alva mais que a neve. Ah... o que seria do Brasil se não fosse a nossa Justiça!

Esta crônica é a ficção mais real que você leu neste ano.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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