Tudo que cai na rede social vira alvo do tribunal da internet: até a maternidade
PixabayUma bebê de 2 anos é estuprada pelo próprio pai e o caso vai parar nas redes sociais. Entre os milhares de comentários da inquisição da internet, destacam-se as perguntas:
“Onde estava a mãe dessa criança quando isso aconteceu?”
“Por que uma mulher inventa de ter filho se não presta pra cuidar?”
“Quem em sã consciência se casaria com um monstro desses? Mulher louca!”
Já o vídeo de um pinguim pulando em um bote inflável, com a legenda sugerindo que ele fugia de uma baleia (enquanto o povo do bote estava na maior tranquilidade provavelmente por não haver baleia alguma) gerou comentários fofos:
“Gente, olha que lindo o pinguim tentando subir!”
“Que amor esse pinguinzinho que só queria salvar sua vidinha!”
“Ah, pronto... Agora eu quero um pinguim pra cuidar!”
Fico imaginando o que aconteceria com quem atacasse o pinguim, postando comentários parecidos aos dirigidos à mãe da criança violada:
“O que esse pinguim foi fazer perto de uma baleia? Ele não sabe que não é páreo para ela?”
“Pinguim agora invade bote? Não se tem mais paz nem no mar?”
“Onde nós vamos parar se tudo quanto é pinguim inventar que nós temos de protegê-los?”
Tenho a impressão de que pessoas com essas opiniões seriam “canceladas”, mas parece que no tribunal da internet é permitido odiar mães, desde que se ame os pinguins.
Esta crônica é uma ficção, mas poderia não ser...
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