Que saudade de passar vergonha!
Presidentes da República já não fazem mais discursos como antigamente e brasileiros não têm do que se envergonhar
Melhor Não Ler|Do R7
Ah... que saudade de saudar a mandioca, de saber que atrás de toda criança tem um ser oculto, no caso, um cachorro, e que quem causa a dengue, ou seja, quem pica, é a mosquita! Bons tempos aqueles que filosofávamos sobre a pasta de dente (que uma vez saída do dentifrício não volta mais), que o Dia das Crianças é também o Dia dos Pais, que o Rio de Janeiro é uma galáxia e que é bom que chova, mas às vezes, quem está na chuva não quer pegar a chuva.
Mas nada se compara ao célebre discurso de nossa ex na Organização das Nações Unidas delirando, ou melhor, expondo sua genialidade ao refletir como o mundo seria maravilhoso se existisse uma tecnologia que fosse capaz de estocar vento. Somente os seres que já fizeram uma bola e se tornaram mulheres sapiens é que sabem a falta que esses discursos fazem ao nosso país. Porém, como diz o ditado, nós somos brasileiros e não desistimos nunca, logo, vamos deixar uma meta aberta e, quando a gente atingir a meta, nós dobramos a meta.
O Brasil perdeu muito nos últimos anos, mas temos que nos manter firmes lembrando da nossa maior filósofa que nos deixou um grande ensinamento: “Não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar ou quem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder.” E a pandemia que estamos vivendo há quase dois anos só provou o quanto essa fala é real.
Agora, porém, o que nos resta são apenas lembranças, pois o mais recente discurso presidencial na ONU foi um fracasso para todos aqueles que estavam tão acostumados a passar vergonha e também para aqueles que, antigamente, tinham material de sobra para fazer sátiras, memes e videozinhos com paródias para bombar nas redes sociais.
O que ouvimos esta semana foi decepcionante: “A Amazônia é nossa”. Quem precisa de alguém que atravesse um oceano para dizer o óbvio? Se a Amazônia está no Brasil ela seria de quem? Isso só faria sentido se vários países do mundo estivessem dizendo que os brasileiros estão destruindo toda a riqueza amazônica para, então, se apoderarem dela e tomarem o que é nosso... Bah, que ridículo!
E o que dizer das frases: “Nós preservamos mais do que todos” e “Nossos índios têm mais terra do que as áreas da Alemanha e França juntas”? Quem não sabia disso? Dã... Tem algum país, por acaso, que nem índio tem (porque já mataram todos há décadas) e que esteja falando que nós matamos os nossos (que, aliás, estão vivos)? Haja paciência!
E para nos matar de vergonha reversa ainda tivemos de ouvir que “O Brasil alimentou mais de um bilhão de pessoas no mundo”. Gente! Se o mundo não tem área para plantar mais nada e nós temos um sem-fim de terras férteis é claro que a gente vai alimentar boa parte do planeta! Ou será que já inventaram alguma forma de nos mantermos vivos sem ter de nos alimentar? Enquanto isso não acontece, é lógico que todo mundo vai querer ter certeza de que nós vamos manter comidinha nas mesas deles.
E, falando em comida, que saudade de termos presidentes que exibiam toda nossa prosperidade no exterior, hospedando-se em hotéis de alto luxo, fazendo banquetes dignos da realeza com lagosta, vinhos premiados e toda sorte de iguarias. Agora temos de amargar a imagem de uma comitiva que mais parece uma ralé comendo pizza em pé. Que vergonha!
Infelizmente nem podemos dizer que essa crônica é uma ficção, pois mais real do que isso...
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