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Apagão em SP: a luz volta, mas o cachê não, e ninguém paga essa conta

Shows cancelados, prejuízos bilionários e instabilidade de internet escancaram por que a música é sempre a primeira a pagar quando a infraestrutura da cidade falha

Musikorama|Rodrigo d’SalesOpens in new window

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Apagão em São Paulo afetou mais de 2,2 milhões de imóveis, resultando em grandes transtornos.
  • Prejuízo de R$ 1,54 bilhão estimado para comércio e serviços em dois dias, com destaque para o setor de entretenimento.
  • A música ao vivo foi severamente impactada, com perdas de R$ 100 milhões afetando aproximadamente 5 mil estabelecimentos.
  • A infraestrutura deficiente expôs a desigualdade no acesso a recursos, prejudicando especialmente a cultura na cidade.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

O apagão não afeta só o cotidiano urbano: ele interrompe trabalho, renda e a engrenagem da música ao vivo em São Paulo Reprodução/Gemini

Há uma cena que explica melhor o apagão do que qualquer coletiva: palco montado, banda pronta, público chegando e, então, a noite é cancelada antes mesmo de começar.

Em dezembro, a falta de energia em São Paulo não foi pontual. Na pior fase, mais de 2,2 milhões de imóveis ficaram sem luz, e cerca de 1,3 milhão de pessoas ainda estavam no escuro dias depois, segundo balanços divulgados pela Enel e por dados consolidados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Não foi só um transtorno urbano. Foi um colapso econômico com endereço certo.


A dimensão financeira ajuda a entender o estrago. A Fecomercio-SP estimou em R$ 1,54 bilhão o prejuízo do comércio e dos serviços em somente dois dias de apagão. Desse total, mais de R$ 1 bilhão veio do setor de serviços, onde estão bares, casas de show, eventos e entretenimento.

A conta, segundo a entidade, sequer inclui perdas de estoque, danos a equipamentos e despesas fixas mantidas mesmo sem faturamento.


No chão da música, o impacto foi imediato. A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) calculou prejuízo de R$ 100 milhões, afetando cerca de 5 mil estabelecimentos na capital e região metropolitana, justamente em dezembro, mês decisivo para o caixa de quem trabalha com música ao vivo.

Cada mesa vazia representa uma receita que não aconteceu. E quem perde não é somente o artista do cartaz: é o técnico, o músico contratado por noite, o DJ residente, a equipe inteira que depende da agenda girando.


A desigualdade estrutural fica ainda mais clara ao olhar para os extremos. Eventos grandes conseguem sobreviver com geradores e planos de contingência. Mesmo assim, até eles já sentiram com falhas na infraestrutura.

Em 2024, a CCXP, um dos principais eventos de cultura pop do país, ficou cerca de uma hora sem energia em pleno sábado. Se até o gigante pisca, o pequeno palco apaga de vez. Energia, nesse contexto, vira filtro econômico: segue quem pode comprar redundância.


O apagão também atingiu a engrenagem de divulgação e consumo. Com mais de 1,4 milhão de domicílios sem energia, a audiência de TV caiu de forma atípica, segundo medições da Kantar Ibope.

Ao mesmo tempo, a Conexis Brasil Digital, entidade que representa as operadoras de telefonia, relatou instabilidade em voz e internet móvel devido à queda de energia em antenas e estações rádio base, afetando transmissões ao vivo, streaming e o alcance do conteúdo musical.

Quando São Paulo falha na infraestrutura, a cultura entra como dano colateral automático. A luz pode até voltar. O cachê perdido, não.

A falta de energia não escolhe setor, mas escolhe consequências. Enquanto áreas essenciais operam em regime de emergência, a cultura simplesmente apaga. Não por ser menos importante, mas por ser menos protegida.

É nesse intervalo silencioso que a cidade expõe como distribui risco, proteção e abandono.

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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