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Ozzy Osbourne: A comovente despedida lúcida do “Homem Louco”

Duas semanas antes de nos deixar, o “Madman” subiu ao palco pela última vez em um show emocionante e beneficente, selando um legado de música, autenticidade e amor.

Musikorama|Rodrigo d’SalesOpens in new window

Ozzy Osbourne, o "Príncipe das Trevas", era cristão anglicano e doou $190 milhões à caridade antes de falecer Reprodução/Instagram/@rosshalfin

O mundo do rock se despede de um de seus maiores e mais icônicos nomes. John Michael “Ozzy” Osbourne, o Padrinho do Metal, nos deixou em 22 de julho de 2025, aos 76 anos. Sua partida não é silêncio da voz, mas sim um grito final para eternizar uma era do rock and roll.

Ozzy Osbourne é um artista que está para além de um cantor de rock; ele foi uma força da natureza, um transformador cultural que, ao lado do Black Sabbath, plantou no mundo as sementes do heavy metal. Álbuns como “Paranoid”, “Master of Reality” e o homônimo “Black Sabbath” foram manifestos que dariam origem a gêneros inteiros, do heavy metal ao thrash metal, do black metal ao grunge, até mesmo o punk rock. Como fã e admirador do gênero, é impossível não reconhecer que, sem o Black Sabbath e Ozzy Osbourne, o universo do rock seria irreconhecível.

“Tudo o que eu digo e faço, aos seus olhos sempre está errado. Me diga aonde eu me encaixo nessa sociedade doente.”

(Ozzy Osbourne)

O forasteiro que virou lenda

A vida de Ozzy sempre foi um paradoxo. Por trás da persona selvagem e das controvérsias, havia um homem que frequentemente se sentia à margem. Como ele mesmo cantou em “You’re No Different”: “Tudo o que eu digo e faço / Aos seus olhos sempre está errado / Me diga aonde eu me encaixo / Nessa sociedade doente.” Esse verso encapsula a essência de um artista que, apesar de ser um ícone global, era um homem comum que buscava seu lugar em um mundo que nem sempre o compreendia. Sua autenticidade, sua vulnerabilidade e sua capacidade de transformar essa sensação de “fora do lugar” em arte foram cruciais para sua conexão com milhões de fãs.

KXMW36 Black Sabbath (1970) Alamy Stock Photo

Após sua saída inicial do Black Sabbath no final dos anos 70, Ozzy forjou uma das carreiras solo mais bem-sucedidas da história do rock, presenteando-nos com clássicos como “Crazy Train” e “Mr. Crowley”. Ele enfrentou seus demônios, superou desafios e sempre retornou, seja para reuniões com o Sabbath ou para continuar sua jornada solo com novos músicos que se tornariam outras lendas do heavy metal, como seu guitarrista Zakk Wylde.


Um adeus digno de uma lenda

Nos últimos anos, a saúde de Ozzy, especialmente após o diagnóstico de Parkinson em 2019, tornou os palcos mais distantes. Mas havia um último desejo, um último ato. Ele queria um adeus digno. Em 5 de julho de 2025, na sua Birmingham natal, o Príncipe das Trevas fez seu derradeiro último show, o “Back to the Beginning”. E que despedida foi essa!


Para a ocasião, o Black Sabbath — a banda de metal que deu origem a tantos movimentos se reuniu, com um toque ainda mais emocionante: a presença do baterista Bill Ward, algo que não acontecia em palcos ou gravações há mais de uma década, nem mesmo no último álbum do Sabbath, “13”. Ali, no palco, Ozzy, já visivelmente debilitado, reencontrou seus amigos de juventude. O show foi um dos espetáculos mais emocionantes da indústria da música — como não se emocionar com a interpretação de “Mama, I’m Coming Home”, com um Ozzy sentado em seu trono, cantando com voz trêmula e olhos marejados. Todos ali perceberam que se tratava de um último refrão, em breve o Príncipe descansaria.

Todos os artistas que participaram do “Back to the Beginning” doaram seus cachês, e o evento arrecadou mais de 190 milhões de dólares, integralmente destinados a instituições que cuidam de pessoas com Parkinson e outras instituições de caridade. Em seu ato final, Ozzy transformou sua própria dor em um gesto de imensa generosidade que impactará em melhoria de qualidade de vida para inúmeras pessoas.


O rock n’roll é o maior amor da minha vida, pois foi através dele que cheguei a todos os outros.

(Ozzy Osbourne)

A transmutação final: de corpo a energia

Ozzy Osbourne uma vez declarou: “O rock n’roll é o maior amor da minha vida, pois foi através dele que cheguei a todos os outros.” É curioso ver como ele viveu essa frase até o fim. Seu último desejo público foi estar no palco, fazendo o que amava, cantando seu rock and roll, dando um último tchau ao público que o amou.

O casal que amou o filho antes mesmo de ser nascer, o bebê que nasceu, o garoto que sonhava em ter uma banda de rock. Este que terminou sua vida em cima do palco, com seus amigos de juventude, contemplando tudo o que conquistaram e todo o impacto que causaram no mundo; E que, depois, foi para casa, se cercar de sua família e então fechar os olhos. Ozzy Osbourne deixou seu corpo físico e voltou a ser uma energia, um desejo, um sentimento. A transmutação do Back to Beginning.

Ao dizer meu adeus para Ozzy, o imagino batendo na porta do céu: —Mama, I’m truly home.

"Mama, I'm Coming Home" (1991) é um dos maiores hits da carreira solo de Ozzy Osbourne Inteligência artificial/Gemini

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