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Odair Braz Jr - Blogs

Conrad trabalha para se reerguer com Calvin, Kirby e HQs digitais

Com quadrinhos impressos e digitais, uma das mais importantes editoras dos anos 2000 vai se reerguendo no mercado brasileiro

Odair Braz Jr|Do R7

A dupla Calvin e Haroldo teve seu último álbum publicado no Brasil pela Conrad
A dupla Calvin e Haroldo teve seu último álbum publicado no Brasil pela Conrad

Não é muito fácil publicar quadrinhos hoje em dia no mundo e muito menos no Brasil. E a Conrad Editora sabe muito bem disso. Depois de algum tempo – um bom tempo, na verdade – praticamente parada, a empresa decidiu voltar à ativa a partir de maio do ano passado. Agora, quase um ano depois, o cenário já é bem diferente, com a editora apostando com muita força no mercado digital de quadrinhos, mas sem esquecer das HQs físicas também.

Por volta da metade dos anos 90 até 2007, a Conrad se transformou na principal editora de quadrinhos do Brasil. Foi a responsável, por exemplo, por massificar a publicação de mangás (quadrinhos japoneses) e com leitura no sentido oriental. Fez isso, incialmente, com os mangás dos Cavaleiros do Zodíaco e Dragon Ball e, ano a ano, foi expandindo sua linha. E aí, os fãs de HQs tiveram acesso a materiais com grande diversidade, que foram de Pokémon a obras de Alan Moore e de Speed Racer a Sandman.

Mas o mercado editorial entrou em crise, os sócios originais da Conrad se separaram e a editora foi vendida para o Grupo Ibep, onde continuou existindo como uma empresa. Inicialmente a coisa continuou andando, mas com o passar dos anos a força da Conrad foi minguando e os lançamentos praticamente cessaram.

Em 2020 a Ibep decidiu revitalizar a famosa e quase esquecida editora. Para isso, foi contratado Cassius Medauar, editor bem conhecido no mercado de HQs do Brasil e que trabalhou na Conrad lá nos anos 2000, quando ganhou o apelido de “editor do Dragão” — porque cuidava dos mangás de Dragon Ball e Cavaleiros ao lado do igualmente conhecido Sidney Gusman.


Nesta nova fase, a Conrad já lançou alguns materiais importantes como o último álbum de Calvin e Haroldo, que são as clássicas tiras do autor Bill Waterson. Outro título interessante saiu no começo de 2021 e é a biografia em quadrinhos de Jack Kirby, desenhista que é o cocriador do universo Marvel ao lado de Stan Lee.

O lendário desenhista Jack Kirby em versão quadrinhos lançada pela editora
O lendário desenhista Jack Kirby em versão quadrinhos lançada pela editora

Além de publicar títulos importantes e novidades interessantes como o feminista Mundo Mulher, a Conrad vem apostando muito em quadrinhos digitais. “Fiz um plano digital com HQs que saem semanalmente. O plano digital é muito importante para reeguer a editora, é um dos pilares da nova Conrad”, diz Medauar.


Quadrinhos em formato digital é algo que vem crescendo no mundo todo. No Japão, maior mercado de HQs mundial, 55% dos ganhos anuais veem do formato digital. Na Coréia do Sul, metade das vendas de quadrinhos é feita digitalmente. Nos EUA, esse número está em 8.7%. Todos esses dados foram publicados em fevereiro deste ano pelo consórcio Eudicon Project, entidade que procura aumentar as vendas de HQs digitais na Europa.

No Brasil, os quadrinhos digitais ainda engatinham. Poucas editoras têm esse serviço. Existe a plataforma Social Comics e publicações de editoras como a Panini Comics, JBC e poucas outras.


A última edição de Calvin e Haroldo
A última edição de Calvin e Haroldo

“Eu acredito muito que leitura digital é algo do futuro, na verdade, já é do presente. Mas não [acho] que vai destruir o físico. O físico e o digital se complementam e as pessoas já perceberam isso lá no exterior. Os americanos investem muito em HQ digital. Os japoneses investem demais”, justifica Cassius. O editor da Conrad acredita que “as bancas estão morrendo e o formato digital permite que se faça HQ com preço acessível. E o digital tem uma vantagem muito grande porque nunca esgota. E a distribuição no Brasil é muito difícil por causa do tamanho do país. Com o digital dá para comprar com um clique de qualquer lugar do Brasil e do mundo”.

IMPRESSO

Capa do álbum Tangências
Capa do álbum Tangências

A estratégia da Conrad com o formato digital não impede o lançamento de bons materiais impressos. Calvin e Haroldo, que foi inteiramente publicado aqui pela editora, é algo que Medauar tem interesse em continuar publicando. Ele gostaria de trazer para o Brasil a megacaixa especial reunindo todas as tiras dos personagens de Bill Waterson. “A caixa é maravilhosa, mas é um contrato separado. Eu vou fazer o orçamento para ver se é viável para o mercado brasileiro”.

Até o final de abril chega às livrarias Tangências, uma HQ de 1995 de Miguelanxo Prado, roteirista e desenhista espanhol que é um dos mais renomados dos quadrinhos europeus. O álbum é inédito no Brasil e tem oito histórias que mostram o final de relacionamentos de diferentes casais.

Outro destaque para você ficar de olho é O Último Detetive, HQ chilena da dupla Claudio Alvarez e Geraldo Borges, este segundo é brasileiro e vive no Chile. Esse quadrinho foi lançado digitalmente pela Conrad e agora chega em versão impressa. É uma história policial futurista que acontece na Nova Amazônia.

O Último Detetive
O Último Detetive

Agora, se você é da turma que cresceu lendo os mangás da Conrad e espera ver as HQs orientais na editora novamente, vai ter que sentar e esperar. Os problemas financeiros que a empresa teve no passado impediram que ela cumprisse seus compromissos com as editoras japonesas. Diversos contratos foram cancelados e a Conrad atualmente não é bem vista pelos editores orientais. Nos próximos anos, a editora brasileira terá de reconquistar a confiança das companhias orientais para voltar a publicar mangás em algum momento do futuro.

Mas até lá, tem outros quadrinhos da renovada Conrad para você curtir.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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