Corajoso, Ricardo Boechat dava show também no rádio
Apresentador da Band morreu numa queda de helicóptero em São Paulo nesta segunda-feira (11)
Odair Braz Jr|Do R7

Infelizmente o jornalismo perdeu nessa segunda (11), de maneira totalmente inesperada, Ricardo Boechat. Ele está sendo, como deve ser, altamente celebrado por ser um grande jornalista e também por sua atuação na TV. É certo que sua atuação no Jornal da Band é respeitabilíssima, mas também não dá para deixar passar batido seu trabalho na rádio.
Ouvi-lo na Band News FM, no seu próprio carro ou no táxi, sempre era algo especial. Tudo bem, você podia até não concordar com tudo o que ele dizia e defendia, mas que era muito bom ouvir o que dizia, isso era. No rádio ele tinha uma liberdade maior, dava mais opiniões que na TV e aí o bicho pegava.
Boechat, quando tinha de falar algo, não poupava ninguém. Soltava o verbo sem dó, detonava quem tinha de ser detonado. Fosse político, jogador de futebol, artista. Para ele não importava. Sua capacidade de persuasão era enorme e ele, muitas vezes, conseguia convencer quem o estivesse ouvindo. Mesmo que você não concordasse totalmente, sentia que havia um fundo de verdade ali. Que o que ele estava falando não era uma bobagem qualquer, não era um blábláblá. Suas reclamações, queixas, brigas e broncas eram distribuídas com muita fúria, mas também com humor e irreverência. Tudo isso eram marcas dele.
Esse estilo fez com que o jornalista colecionasse processos por todos os lados. Especialmente de políticos. Mas pensa que Boechat ficava quieto ou se deixava abater? Nada disso. Seguia sempre falando abertamente, especialmente na rádio, tudo o que pensava sobre determinado assunto. Colecionou adversários e nunca baixou a cabeça. Como, aliás, deve ser o jornalismo.
Para a tristeza geral, foi esse tipo de profissional que o Brasil perdeu hoje. Uma pena.