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É certo Ana Maria continuar com Louro José mesmo sem Tom Veiga?

Apresentadora deixou no ar que o boneco pode voltar à ativa após a morte de seu criador, mas isso não deve acontecer imediatamente

Odair Braz Jr|Do R7

Ana Maria apareceu com o Louro José no programa desta segunda (9)
Ana Maria apareceu com o Louro José no programa desta segunda (9)

É possível existir Louro José sem Tom Veiga? Muita gente acredita que não, que ele é insubstituível e que, por isso mesmo, o boneco deveria ser aposentado. Bom, mas não é isso o que parece pensar Ana Maria Braga, que disse no seu programa, nesta segunda (9), que o Louro continuará existindo, mas que ainda é cedo para isso. Ela disse isso segurando o boneco no colo.

Ana Maria não disse com todas as letras que o personagem voltará à ativa, mas deixou no ar que isso deve acontecer sim em algum momento. Pois bem, você acha isso certo? É correto da parte dela? Ela pode fazer com que o Louro continue a aparecer no programa?

Leia mais: Sem Louro José/Tom Veiga, como fica Ana Maria Braga?

Bem, antes de mais nada existe uma questão chamada “direito autoral”. E aí é preciso saber quem é que tem esses direitos sobre o personagem. Se os direitos, por exemplo, eram exclusivos de Tom Veiga, Ana Maria e a Globo terão de ter uma permissão, possivelmente, da família de Veiga. Os familiares do coapresentador podem liberar ou não, vai depender do acordo.


Agora, se os direitos sobre o boneco são de Ana Maria ou da Globo — ou dos dois — aí a coisa é mais fácil.

Mas será que esse caminho — colocar outra pessoa para controlar o boneco — é o correto?


Ana Maria já falou que Tom é insubstituível e parece que é isso mesmo. Não dá para ter outra pessoa com exatamente as mesmas tiradas, o jeitão engraçado, tão perspicaz quanto ou com uma velocidade tão grande de reação e improviso como o do velho companheiro da apresentadora. Isso não volta. Mas dá para encontrar alguém muito bom, divertido e esperto? Sim, isso é bem possível.

E aí a gente entra na discussão sobre o personagem e se isso é algo que Tom Veiga gostaria de ver acontecendo. Claro, isso tudo considerando que Ana Maria e a Globo tenham o direito de reativar o Louro. Existem montes de discussões e casos de personagens que continuaram a ser usados por empresas após a morte de seus criadores. Há exemplos na literatura, nos quadrinhos, cinema, TV e por aí vai.


Nos quadrinhos, por exemplo, dá para citar o caso do famoso roteirista Frank Miller. Nos anos 80 ele escrevia histórias do Demolidor para a Marvel e criou a personagem Elektra. Essa mesma que já apareceu no cinema e no seriado do herói. Miller tinha um acordo pelo qual a editora não usaria mais Elektra mas, anos depois, a editora o fez. E por quê? Porque a Marvel era (ainda é) a proprietária da personagem mesmo tendo sido criada por Miller. Ele a desenvolveu dentro da editora e para a editora. É justo? Muita gente acha que não, mas é assim que as coisas aconteceram.

Esse é apenas um exemplo sobre essa questão de usar personagens por empresas e sem o envolvimento de seus respectivos criadores. No caso de Tom Veiga/Louro José, a coisa é um pouco mais complicada. É que Tom era a alma e o cérebro do boneco. Eram uma coisa só. Veiga era um apresentador do Mais Você que se expressava através do Louro. Como separar um do outro? Como colocar outra pessoa? Será que o público vai aprovar? São muitas questões a serem respondidas.

Voltando a Ana Maria, no programa desta manhã ela deixou subentendido que também criou o Louro. Ou, olhando mais atentamente, que ela de fato criou o personagem. E, assim, teria o direito de utilizá-lo. Ela também esclareceu que Veiga é único e insubstituível, mas que o boneco pode continuar existindo independentemente de Tom.

Veja, Ana não disse tudo isso textualmente que irá utilizar o boneco, mas deixou no ar, jogou essas questões e pistas e, mais do que tudo, não decretou a aposentadoria do bicho. Para a apresentadora, outros personagens continuaram vivendo após a morte de seus criadores. E esse poderia muito bem ser o caso do Louro José.

Será?

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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