Em briga feia com o cantor, RPM já tem seu novo Paulo Ricardo
Banda clássica dos anos 80 segue carreira sem seu ex-vocalista e confusão na Justiça ainda vai continuar
Odair Braz Jr|Do R7
O RPM dá a impressão de que se formou para brigar. É bem provável que seus integrantes tenham se confrontado mais tempo do que tenham trabalhado juntos como uma banda.
Na semana passada, Rogério Gentili, colunista da Folha de S. Paulo, revelou que Paulo Ricardo, atualmente em carreira solo, está proibido de cantar as canções da banda. Isso é consequência de um processo movido por Luiz Schiavon e Fernando Deluqui, outros dois membros do RPM.
Se ele vai parar de cantar ou não é algo que ainda está em discussão entre os advogados, mas a matéria da Folha também diz que Schiavon e Deluqui têm intenção de colocar outro vocalista no grupo e seguir com a banda. Todo mundo reproduziu o texto citando essa continuidade da banda sem Paulo. Acontece que isso já está em andamento e o RPM tem seu "novo Paulo Ricardo" já há um tempo.
O nome dele é Dioy Pallone, que entrou para a banda em 2018, quando Schiavon, Deluqui e P.A. (que morreu em 2019) decidiram seguir com o RPM sem Paulo Ricardo. E aí começou todo o rolo.
Explicando. Os quatro integrantes originais do RPM voltaram novamente com a banda em 2011. Eles haviam se separado pela terceira vez (ou algo assim) em 2004. Nesse novo retorno, lançaram um disco inteiro com músicas inéditas e ficaram em turnê até 2017. Já havia uma conversa de novo disco da banda, mas Paulo decidiu que queria dar um tempo da banda e lançar um álbum solo. Meio a contragosto, os demais integrantes toparam, mas com a promessa de que o cantor retornaria ao grupo algum tempo depois.
Paulo, que estava empolgado com sua participação como jurado no programa Superstar (Globo), preferiu brilhar sozinho e lançou o tal disco solo. A promessa de voltar ao RPM não se concretizou, já que ele preferiu seguir sozinho. E, parece, não deu muitas satisfações a seus colegas de banda.
Bem, o tempo passou. Em 2018, quando já haviam desistido de esperar pelo Paulo, os demais integrantes do RPM chamaram Dioy Pallone para a banda. Ele é cantor e também toca contrabaixo, assim como Paulo. Apesar dessas semelhanças, Dioy não é considerado o “novo Paulo Ricardo” do grupo. Quando ele entrou para o RPM, Deluqui contou que o moço é “mais um integrante do RPM”. Dioy e o guitarrista se revezam nos vocais, coisa que não acontecia na época de Paulo.
Pelo jeito, muita gente não percebeu que o RPM já tinha há algum tempo um substituto para Paulo Ricardo. Bom, hoje em dia é assim mesmo. As bandas de rock não conseguem chamar muito a atenção da mídia e as coisas vão rolando sem que o grande público tome conhecimento.
Esta nova versão do RPM já fez alguns shows (antes da pandemia), lançou quatro canções inéditas e prepara um álbum.
E a briga dentre o RPM e Paulo Ricardo deve continuar animada. O cantor vai recorrer da decisão que o impede de cantar as músicas de sua ex-banda. Também não está totalmente decidido se Schiavon e Deluqui podem seguir com o RPM. É que havia um contrato dizendo que os quatro integrantes não poderiam usar o nome da banda de forma individual.
Fora isso, o cantor diz que é o grande responsável pelo sucesso do RPM e que os outros dois eram meros acompanhantes. Vamos combinar que isso não é verdade, né? Qualquer um que acompanhou a banda sabe que ela não seria a mesma sem, ao menos, a participação de Schiavon. Seus teclados são marcas registradas do RPM, assim como as letras de Paulo. E Deluqui também tem sua fatia no bolo, se não muito no primeiro disco, mas bastante nos demais.
Mas é aquela coisa, Paulo não quis seguir com a banda, preferiu manter sua carreira solo, só que os outros integrantes desejavam sim continuar. É justo que os outros três fiquem sem o RPM só porque Paulo não queria mais? É uma questão que a Justiça ainda vai responder.
Pois é, vão continuar por aí as reviravoltas por minuto.
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