Em São Paulo, Iron Maiden encerra turnê vitoriosa e se despede de seu baterista
Banda inglesa de heavy metal se apresentou com muita energia, tocou clássicos e alegrou seus fãs
Show do Iron Maiden em São Paulo segue uma receita básica: a banda sempre detona em cima do palco e os fãs ficam completamente satisfeitos com a sensação de terem visto a melhor apresentação possível dos reis do metal. Não tem erro. Nunca.
E para o negócio ficar ainda mais sério, o show da noite de sábado (7) da turnê The Future Past, no Allianz Parque, marcou a despedida de Nicko McBrain, baterista do Iron há mais de 40 anos. Ele anunciou em suas redes sociais, na manhã do próprio sábado, que iria deixar a banda após a apresentação em São Paulo.
Mas a notícia triste da saída de Nicko não impediu a banda de fazer um show vibrante, cheio de energia, garra e vontade para um estádio lotado. Foi o último show da atual turnê e nem parecia que estava sobre o palco um grupo que vai, em 2025, para 50 anos de carreira.
O tema da turnê, um futuro retrô, já surge na música-tema de Blade Runner, que toca nos alto-falantes do estádio e que anuncia que o show vai começar. Num palco relativamente simples para os padrões do Iron — com painéis de tecido e iluminação minimalista —, a apresentação começa com Caught Somewhre in Time, do álbum de 1987 Somewhere in Time. Este disco dá um pouco o tom desta turnê, que trata sobre passado e futuro.
Já de cara, dá para notar a empolgação da banda, que havia feito uma ótima apresentação na sexta (6), também no Palmeiras. Bruce Dickinson, aos 66 anos, canta e corre sobre o palco como se ainda estivesse nos anos 80. Empolgado, supera com muita garra qualquer tipo de problema de voz que possa ter após vencer um câncer na garganta há alguns anos.
A empolgação não é menor no restante da banda, incluindo o baterista Nicko, que é ovacionado pelos fãs logo no início do show. Após a segunda música — Stranger in a Strange Land —, Bruce fala sobre a saída do baterista. “Quero que esta noite seja uma celebração para Nicko”, disse. O público gritou o nome do músico naquele momento e em vários outros ao longo do show.
Toda a energia que o Iron mostrava foi plenamente correspondida pelos fãs, que cantavam todas as músicas desde o início. Vieram The Writing on the Wall, Days of Future Past, The Time Machine.
A banda se mostrou totalmente afiada. Com suas três guitarras fazia uma massa sonora e, com o som muito alto, não deixava ninguém ficar indiferente. E Bruce ia comandando a plateia como um maestro que nunca deixa a peteca cair.
Uma diferença deste show em relação a outros que o grupo fez no passado recente é que, desta vez, a coisa é um pouco menos teatral. O palco é mais simples, há menos elementos físicos por ali e o vocalista não fica usando fantasias, máscaras ou capas, como já aconteceu no passado. É tudo muito mais ancorado pela música mesmo, o que é ótimo, diga-se.
Mas, claro, que não dava para não ter a participação do monstrão Ed, mascote do grupo que sempre faz suas participações. O bicho gigantesco entra algumas vezes em cena, troca tiros de brincadeira com Bruce Dickinson e também aparece em sua versão samurai retrofuturista. Diversão pura.
Chega a hora dos hits absolutos, aqueles que todo fã quer ouvir e eles cantam com força total Alexander the Great, Fear of the Dark e Iron Maiden.
Depois destas três, rola a primeira despedida de Nicko, que se mostra bem emocionado. Ele acena para os fãs, joga baquetas e é aplaudido por todos.
O grupo retorna então para o bis com Hell on Earth, a adorada The Trooper e encerra os trabalhos com a clássica Wasted Years. Faltou alguns hits? Sim, faltou. Mas dada a saída do baterista, muita gente não se importou muito com a ausência de algumas canções, afinal estavam presenciando um momento histórico.
Bruce foi ao microfone e disse para Nicko: “este palco é seu. Aproveite sem pressa”. O baterista ficou sozinho ali em cima, jogou novamente suas baquetas para o povo, suas munhequeiras e recebeu o carinho de todos. Foram 42 anos de serviços bem prestados ao Iron Maiden e ao heavy metal. Já virou lenda.
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