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Em show no Ibirapuera, Kraftwerk leva o público ao passado, presente e futuro, tudo ao mesmo tempo

O grupo alemão de música eletrônica, um dos mais importantes da história, mostrou sua importância em apresentação antológica

Odair Braz Jr|Do R7


Os quatro integrantes do Kraftwerk durante show em São Paulo, neste sábado (20)
Os quatro integrantes do Kraftwerk durante show em São Paulo, neste sábado (20)

Na pista do C6 Fest, evento que reuniu bandas e artistas estrangeiros e brasileiros neste fim de semana no Ibirapuera, momento antes de o Kraftwerk entrar no palco, ouço o seguinte diálogo de um pai com sua filha, de uns 15 anos: “Você vai ver um show que vai mudar a sua vida”, disse ele. Ela falou: “Não vai ser melhor o que o show do Lil Nas X [que se apresentou neste ano no Brasil]”. Entra uma terceira pessoa na conversa: “O Lil Nas X não seria nada sem o Kraftwerk. Nem a Beyoncé”. O pai só cumprimenta o rapaz e agradece pelo esclarecimento.

E é isso mesmo. O Kraftwerk, que surgiu lá no início dos anos 70, é uma das bandas mais influentes de todos os tempos. Num nível de influência que chega a rivalizar com o dos Beatles quando se fala em música eletrônica, hip-hop, house, techno, trance etc. etc.

E o show que a banda — comandada pelo membro fundador Ralf Hütter (Florian Schneider., o outro fundador morreu em 2020) — deu nesta noite fria de sábado (20), em São Paulo, para um bom número de pessoas (embora o local não estivesse lotado), passou por vários discos do Kraftwerk e mostrou toda a sua importância. Para quem não sabe, o grupo se apresenta sempre da mesma maneira: com os quatro integrantes parados na frente de seus respectivos teclados, dispostos um ao lado do outro, numa linha reta. Eles não saem dali e também não cantam. Não se dirigem ao público, não levantam os bracinhos, não pedem pra ninguém “sair do chão”. Nada disso. Também tem em cena os macacões dos músicos, tracejados de LED de cima a baixo. O LED também aparece nas extremidades dos teclados.

Enquanto eles vão tocando suas músicas, o telão mostra animações e grafismos retrofuturistas, com imagens que remetem a computação, urbanismo, evolução, viagem espacial, humanos e por aí vai.

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Kraftwerk com seus macacões e teclados retrofuturistas
Kraftwerk com seus macacões e teclados retrofuturistas

Ver e ouvir o Kraftwerk é como assistir a uma aula sobre de onde veio e para onde foi a música eletrônica. Os sons que vão surgindo, e que eles criaram a partir do início dos anos 70, passaram pelos 80 chegando até hoje (o último single do Kraft saiu em 2021) e mostram que o trabalho do grupo se espalhou pelos quatro campos da Terra, atingindo músicos dos mais variados gêneros. O produtor musical brasileiro Carlos Eduardo Miranda, que morreu em 2018, costumava dizer que a banda alemã era a criadora do funk. Por aí você já vê o nível de influência.

E o mais louco de tudo isso é que o som do Kraftwerk continua, ainda hoje, apontando para o futuro e mostrando caminhos que serão seguidos por gente muito mais nova, que está aí agora e que ainda surgirá nos próximos meses ou anos.

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E quem nunca viu o Kraftwerk na TV ou ao vivo pode até achar que a apresentação do grupo seja chata ou mesmo entediante. Afinal, os integrantes da banda ficam lá, paradinhos com seus teclados/sintetizadores. Nada disso. As músicas são extremamente dançantes, e ouvir hits como Autobahn, Computer Love, The Robots Music Non Stop, entre outras, faz qualquer um dançar, se tiver o mínimo de vontade.

Além de dançante, o som dos alemães também faz pensar, ainda mais com a ajuda de vídeos que vão se sucedendo nos telões. Vendo as projeções e ouvindo o som, automaticamente você começa a pensar em ChatGPT, Exterminador do Futuro, Metrópolis (o filme), Blade Runner, Depeche Mode, MTV, anos 80, computação, números, velocidade da informação, internet, conectividade, naves espaciais, robôs, androides, guerra fria, Rússia, Estados Unidos e um sem fim de possibilidades.

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A apresentação termina com Music Non Stop, clássico absoluto. Ao longo da música, os integrantes vão, um de cada vez, deixando o palco. Já fora de seu teclado, cada um deles faz uma reverência ao público e se vai.

É um show, uma viagem que não se vê todo dia.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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