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Odair Braz Jr - Blogs

Encontrei Stan Lee e ele reclamou da minha camiseta do Superman

Tive a sorte de conversar alguns minutos com uma das maiores lendas dos quadrinhos e da cultura pop mundial

Odair Braz Jr|Do R7


Ele reclamou dessa camiseta aí
Ele reclamou dessa camiseta aí

Foi em 1997. Nesse ano fui para San Diego, na California, para participar da Comic-Con. Naquela época o evento já era concorrido mas não é essa loucura total que é hoje em dia em que, para conversar com alguém famoso, só mesmo entrando em filas quilométricas. Trombar com esse pessoal nos corredores do San Diego Convention Center, nem pensar. É, mas foi assim que eu encontrei e conheci Stan Lee pessoalmente.

Obviamente que ele já era um grande ídolo para mim, que sempre fui leitor inveterado de quadrinhos. Homem-Aranha sempre esteve na minha lista dos três personagens favoritos de todos os tempos, que varia um pouco entre ele, Batman e Demolidor. Encontrá-lo por ali era uma das últimas coisas que eu imaginava na vida. Ele iria participar de alguns eventos e painéis, mas nem imaginava chegar perto dele.

Pois bem. Estava eu andando ali pelos corredores, já que estava cobrindo o evento para a revista Herói, da qual fui editor durante anos. Num certo momento cheguei no stand da Marvel. Dei uma volta por ali e quem estava parado, no meio do lugar, sem atenção nenhuma de ninguém? Sim, ele mesmo: Stan Lee. Olhei novamente para ter certeza de que não era uma miragem ou apenas alguém parecido com ele. Não, não era. Era o próprio. Meio envergonhado e até com um certo receio, fui me aproximando. Logo de cara mandei um “excuse me” e puxei papo. O mais bobo possível. “Oi, Mr. Lee. Vim do Brasil, sou um grande fã seu e do seu trabalho desde pequeno”. Ele foi extremamente simpático, me cumprimentou, perguntou alguma coisa sobre a Marvel no Brasil. Aí, pedi um autógrafo e também para tirar uma foto com ele. Nesse momento a conversa parou. Gelei.

Eu nunca faço isso, pedir autógrafo e também tirar foto com gente que entrevisto, mas não tinha jeito ali. Era Stan Lee, uma lenda viva dos quadrinhos e da cultura pop. Por isso gelei. Achei que ele fosse negar, sei lá. A questão é que eu fiz o pedido e ele olhou bem para a minha camiseta. Eu estava, justamente naquele dia, vestindo uma camiseta com o logotipo do Superman. Veja você: o maior super-herói da editora concorrente, a DC Comics. Ele olhou para o logotipo, olhou para mim e falou: “tudo bem, vamos tirar a foto, apesar de você estar vestindo essa camiseta do Superman”. Falou brincando, claro. E eu respondi: “sim, mas o meu super-herói favorito de todos os tempos é o Homem-Aranha”. Ele sorriu e tiramos essa foto que você vê aí ao lado.


Fui na Comic-Con mais algumas vezes, já em anos mais recentes. Vi Stan Lee andando por lá, absolutamente cercado por seguranças. Impossível de qualquer aproximação de fãs. Com a explosão dos filmes da Marvel no cinema, Stan se tornou uma celebridade ainda maior do que era antes. Virou um astro de primeira grandeza, celebridade daquelas que não dá para se aproximar muito em eventos como a Comic-Con. Tive a sorte de encontrá-lo muito tempo antes.

E não preciso nem dizer como é importante para um fã de HQs encontrar alguém como ele, né? É como você gostar de futebol e falar com o Pelé, ou como gostar de rock e pedir uma selfie com Elvis ou Beatles. Ele, já há muito tempo, era uma lenda viva dos quadrinhos. Foi um dos caras que ajudou a moldar esta mídia, a fazê-la crescer e se tornar o que é hoje. Se temos um mercado enorme de HQs nos EUA e que se espalhou pelo mundo, se temos os filmes da Marvel bombando nas telas, se temos desenhos animados de heróis e gente trabalhando com isso, criando histórias e desenhando, devemos tudo a esse homem. Nem sempre ele acertou e já lançou personagens ruins dentro e fora da Marvel, fez histórias fracas e apoiou produtos toscos. E daí? Perto de tudo o que Stan Lee fez e passou a representar para a cultura e cultura pop, essas coisas não são nada. A lenda e o mito agora ficam ainda maiores.

Não há dúvida: ele vai viver para sempre. Assim como suas criações.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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