Fãs não podem mais ignorar que Michael Jackson molestava garotos
Documentário exibido na TV não deixa dúvidas sobre o relacionamento do cantor com meninos e destrói sua imagem de maneira irreparável
Odair Braz Jr|Do R7

O documentário Leaving Nerverland (Deixando Nerverland) foi exibido nesse fim de semana no Brasil e quem o viu não tem mais como disfarçar: é impossível continuar passando pano para a pedofilia explícita do chamado Rei do Pop. E isso não que dizer que você não possa mais curtir as músicas do cantor, mas considerá-lo inocente ficou virtualmente impossível.
Recentemente, nas redes sociais, deu para ver muitas manifestações a favor de Michael. Seus fãs e simpatizantes usaram principalmente do argumento que os dois rapazes que estão em Leaving Neverland já mentiram anteriormente e que, no fim das contas, é a palavra deles contra a de Michael, uma vez que não haveria provas concretas do fato.
Bem, não dá para saber bem que tipo de “provas concretas” as pessoas esperam para ver. Uma foto do cantor na cama fazendo sexo com um menino? É bem provável que algo do tipo nunca apareça, mas o que Wade Robson e James Safechuck contam é, além de estarrecedor, tão rico em detalhes que não dá para imaginar que estejam inventando do nada aquelas narrativas. E vamos combinar que as histórias de Michael com meninos é algo que cerca o astro já há muito tempo. Desde o início dos anos 90 mais ou menos, quando ele fez alguns acordos — pagando milhões de dólares — pelo silêncio de suas vítimas e de suas famílias.
Veja só: pedofilia é uma doença e não há a menor intenção aqui de dizer que Michael não era alguém que precisava de ajuda. Ele realmente teve sua vida roubada por seu pai, que praticamente o obrigava a ser um artista. Jackson não teve direito a sua infância e adolescência, desenvolveu vários problemas por sua exposição excessiva, não teve privacidade e nem a chance de crescer como uma pessoa comum. Sua vida não era comum. Seus casamentos não foram comuns. Nada em sua trajetória foi comum. Ele se tornou um extraterrestre, estranho à sua própria humanidade. E isso tudo gerou efeitos colaterais altamente danosos, inclusive psicologicamente falando.
A pedofilia e a adoração por garotos, que estão sim mais do que comprovadas com todas as informações a que temos acesso hoje e não apenas com Leaving Neverland, são os efeitos mais danosos de sua personalidade doente. Michael claramente era alguém que nunca quis crescer e, namorar garotos de 11, 12 anos, era uma maneira de prolongar sua infância.
O fato é que os fãs de Michael não têm mais como disfarçar. É verdade que é muito triste falar sobre esse assunto, ainda mais com o cantor já morto e não podendo se defender, mas deixar para lá também não é o caso. Continuar sendo um fã do Rei do Pop, seguir ouvindo suas músicas e álbuns — alguns geniais — é algo que cada um tem de decidir por si mesmo. Você é que tem de pesar se vale a pena queimar todos os discos do astro ou não. Geralmente, essa decisão não é fácil, até porque quem é muito fã de algo não deixa tudo de lado assim da noite para o dia.

A questão é que como é que você vai ouvir a uma música de Michael sem lembrar do que foi mostrado em Leaving Neverland? Como assistir a um clipe em que ele contracena com crianças e não se lembrar que ele tem um passado de pedofilia? É uma decisão difícil mesmo. Por muito menos outros artistas foram devidamente esquecidos por centenas de milhares de fãs.
Jackson sempre foi um caso único no mundo da música. Teve um sucesso musical avassalador, atuou também no cinema, TV, fazia shows lotados pelo planeta, teve jogos de videogame, desenhos animados e milhares de imitadores mundo afora. E continua sendo um caso raro mesmo após sua morte, só que agora tem seu legado seriamente ameaçado. Dá para dizer que ele corre o risco de ser apagado da história. Estátuas suas já foram retiradas de alguns lugares dos EUA e suas músicas foram banidas de diversas rádios no país.
Existe futuro para o Rei do Pop?