Filho de Renato Russo transforma seu pai e o Legião em caso de polícia
Giuliano Manfredini suja o nome de seu pai e faz com que a banda suma do noticiário musical para preencher páginas policiais
Odair Braz Jr|Do R7
É impressionante o que Giuliano Manfredini, filho de Renato Russo vem fazendo com a memória e o legado do Legião Urbana. Impressionante de maneira negativa, claro.
Dono de parte dos direitos autorais de seu pai, Giuliano vem promovendo ações policiais para invadir locais e apreender material gravado por Renato e seu grupo. Há uns dois meses a polícia entrou na casa do produtor Marcelo Fróes, que trabalhou para a gravadora da banda (a EMI, comprada pela Universal Music) no início dos anos 2000. Houve a apreensão de CDs e fitas com diversas sobras de estúdio e nenhuma música inédita. Nesta semana, o rapaz voltou a atacar e a vítima foi um depósito em que a Universal guarda material de artistas que tem ou já teve sob contrato. Quer dizer, estamos falando de canções, sobras de estúdio e versões descartadas de músicas conhecidas que pertencem à própria gravadora. Ou seja, não havia ali nenhum tipo de “material escondido” ou coisa do tipo. Apenas estava neste depósito que é da empresa.
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Mais do que isso, pelo que foi divulgado na imprensa, até há alguma coisinha inédita, mas totalmente descartável e sem muita importância. Além disso, este conteúdo apreendido são trabalhos do Legião Urbana como um todo e não apenas de Renato. Ou seja, pertencem também aos outros integrantes da banda, Dado Villa-Lobos e Renato Bonfá, como diz o próprio Dado em entrevista à Folha de S. Paulo nesta sexta (11).
Durante a nova invasão, o Jornal Nacional, que acompanhou a ação da polícia, soltou a informação de que haveria uma versão reggae de Faroeste Caboclo, uma das músicas mais famosas do grupo. Dado desmente isso e diz que este hit já tem originalmente um trecho em reggae e qualquer um pode comprovar isso ao ouvi-la. De resto, o que há nesta nova leva de músicas são apenas versões descartadas de canções já conhecidas, trechos e mais algumas bobagenzinhas do tipo. Coisa absolutamente normal e que acontece com qualquer banda ou artista.
O resumo da ópera é que Giuliano, com sua obsessão desmedida, tem transformado o Legião e seu pai em assunto policial. Há bastante tempo não se fala na banda ou em Renato em termos musicais ou culturais. O cantor, morto em 1996, só é lembrado agora por conta do trabalho da polícia e dos desmandos de seu filho.
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É compreensível que Giuliano queira cuidar da memória e do trabalho de seu pai. A questão é que ele faz isso sem nenhum traço de ética, de cuidado ou de empatia com as demais pessoas envolvidas. Ele, por exemplo, impede que Dado e Bonfá usem o nome do Legião Urbana. Impede que eles lancem alguma reedição com material extra de um disco da banda. Veja bem, Dado e Bonfá foram tão integrantes do grupo quanto Renato. É verdade que muitas composições são do cantor e também é verdade que várias delas foram um trabalho em conjunto.
É óbvio que Giuliano e sua família têm direito sobre a obra de Renato. Ele era o dono da marca Legião Urbana. Mas o que o herdeiro do músico faz é algo totalmente sem propósito, sem ética e com zero compaixão pelas outras pessoas envolvidas com o grupo. Giuliano é, desse jeito, o exato oposto de seu pai. Renato, onde quer que esteja, deve estar bem triste com tudo isso.
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