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Filme do Flash é um fracasso comercial, mas não é tão horroroso assim

O longa tem problemas e momentos ruins, mas a presença do Batman de Michael Keaton compensa tudo

Odair Braz Jr|Do R7


As duas versões do Flash em ação contra o ataque do General Zod
As duas versões do Flash em ação contra o ataque do General Zod

O filme solo do Flash chegou a ser chamado por aí como ‘o maior filme de super-heróis de todos os tempos’. Claro que a gente sempre soube que isso era um exagero monumental, até porque se fosse tudo isso aí mesmo não naufragaria nas bilheterias como estamos vendo acontecer.

Neste final de semana, o segundo em exibição, o longa chegou a US$ 210 millhões nas bilheterias do mundo todo, o que é muito pouco para um produto deste quilate e que custou US$ 200 milhões para ser produzido. Pior ainda: The Flash, nesta segunda semana, teve uma queda de público de 73% em relação a estreia, o que só ilustra ainda mais como as pessoas não estão nem aí para o filme.

Na verdade, este resultado terrível na venda de ingresso é só um reflexo de todo o problema e dor de cabeça que The Flash deu para o estúdio. Demorou demais para ser produzido, mudou diretor, refação de roteiro, o ator Ezra Miller se meteu em muitas confusões seríssimas na vida pessoal, teve a pandemia no meio disso tudo e, no fim das contas, parece que não tinha mesmo como dar muito certo. Ainda mais com o histórico recente da DC, que virou piada com produções como Shazam 2 e Adão Negro.

Mas tem uma coisa que tem de ser dita: apesar de todo este cenário catastrófico enfrentado pela produção, The Flash não é tão ruim assim e merece uma assistida. Não que seja sensacional ou imperdível, está razoavelmente longe disso, só que consegue trazer alguma diversão para os pagadores de ingresso.

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O maior mérito do longa é se distanciar o máximo que deu das garras do diretor Zack Snyder, aquele que meio que concebeu o universo DC no cinema com filmes ruins como Batman v Superman, Liga da Justiça e Homem de Aço. Se procurar bem, até dá pra encontrar aqui alguns “snyderismos”, mas que foram bem atenuados.

No filme, vemos Barry Allen numa certa encruzilhada em sua vida quando percebe que pode, com seus poderes de Flash, voltar ao passado para evitar a morte de sua mãe e, consequentemente, livrar seu pai da prisão. Só que todo mundo que assistiu a De Volta Para o Futuro sabe que essa viagem ao passado pode modificar toda a existência e as consequências podem ser graves.

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Michael Keaton como Batman rouba o filme
Michael Keaton como Batman rouba o filme

Seja como for, o herói da velocidade faz isso mesmo e, óbvio, dá tudo errado. Ou quase. A ida de Flash ao passado coloca em atividade na tela o famoso multiverso, uma criação das HQs da DC que mostra a existência de múltiplas realidades, com mundos distintos que têm suas próprias versões de super-heróis. É mais ou menos algo na linha de Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura.

Com sua passagem pelo passado, Barry altera a linha temporal e faz com que o seu mundo, sua realidade, não tenha mais superseres daqueles que conhecemos nos filmes anteriores. Mas surgem outros e é nesse ponto que Barry se encontra com uma versão sua mais jovem. A mudança na linha temporal também traz de volta o Batman de Michael Keaton, aquele dos filmes dirigidos por Tim Burton no final dos anos 80 e início dos 90. Também vemos o surgimento da Supergirl, estreando no cinema nesta fase recente da DC nas telas.

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E se aparecem estes heróis, também volta à ação o vilão General Zod (Michael Shannon), aquele mesmo que foi morto pelo Superman em O Homem de Aço. Quer dizer, o roteiro do filme nos faz revisitar os eventos do filme de 2013 em que Henry Cavill estreava como o maior super-herói do mundo no longa que é considerado o pontapé inicial do Snyderverso. A diferença é que agora não há Superman.

Com este horizonte desenhado e o lançamento do multiverso, a DC (e a Warner) têm a desculpa ideal para refazer ou reconstruir o mundo de seus super-heróis praticamente do zero. Apagando todas as bobajadas de Snyder, trocando atores e renovando tudo. E é precisamente isso o que vai acontecer com o diretor James Gunn assumindo o controle da operação DC nos cinemas. Neste sentido, The Flash se transforma, na prática, numa passagem de bastão do mundo criado por Snyder para o novo que virá com Gunn, que dirigiu os três longas de Guardiões da Galáxia.

E esta função de passar o bastão deixa o filme do ligeirinho num certo limbo. É que ele não pertence nem ao Snyderverso nem à nova fase superheroística da DC que virá nos próximos anos. Enfim, problemas que a Warner tem de lidar.

E, de volta ao filme do Flash: é verdade que a coisa toda no longa acaba um pouco bagunçada, com um roteiro que vai e volta em vários momentos e com um embaralhamento que, às vezes, dá um certo nó cerebral. Tem algumas forçadas bem grandes, umas piadas bestas e um Barry Allen, como sempre, meio abobalhado. É chato vê-lo bancar um sujeito que parece ter um parafuso a menos o tempo todo. Os efeitos especiais também não são lá os mais decentes que já vimos. Há algumas piadas internas que só os mais nerds vão sacar, como é o caso da cena final e também da citação a Eric Stoltz em De Volta Para o Futuro.

Supergirl poderia ter sido melhor aproveitada no filme
Supergirl poderia ter sido melhor aproveitada no filme

The Flash tem mesmo todos estes problemas, mas também tem acertos, que se não salvam o todo, pelo menos divertem. O maior acerto é trazer Michael Keaton novamente como Batman. Como um Bruce Wayne já bem mais velho e longe do Batman há décadas, ele rouba o filme e é uma pena que não tenha ficado mais tempo em tela. Também é divertido ver a Supergirl (Sasha Calle) no lugar do Superman e, sem dúvida, foi uma ótima ideia colocá-la na história. Pena que ela não tenha sido muito bem explorada, mas foi um ponto positivo para a produção.

E outra vantagem de ter o multiverso em funcionamento foi ver a aparição de vários outros super-heróis do passado, como (OLHA O SPOILER) Christopher Reeve, o Batman de Adam West, o Superman do seriado dos anos 40, Nicolas Cage, entre outros.

Com todos os seus problemas aparentes, The Flash consegue divertir e não é um desperdício de tempo ou de dinheiro. Há ótimos momentos e, no fim das contas, acaba sendo um capítulo importante do universo DC no cinema. Se não quiser gastar sua graninha no cinema, espere a chegada da produção ao streaming e assista.

Pode apostar que vai valer a pena, ainda que com todas estas ressalvas.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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