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Guns N’Roses anuncia disco com 4 músicas e – loucura – irrita fãs

Disquinho da banda sai em fevereiro, mas não vem com tantas novidades quanto os fãs esperavam

Odair Braz Jr|Do R7


Slash, Axl e Duff durante show do Guns N'Roses
Slash, Axl e Duff durante show do Guns N'Roses

Imagine a situação: você é fã do Guns n’Roses e está aguardando ansiosamente o lançamento de um disco novo, agora com Axl Rose, Slash e Duff McKagan juntos novamente depois de anos separados. Bom, a banda anunciou há pouco que vai lançar um EP (disco com poucas faixas) em fevereiro com quatro músicas. Felicidade total! Acontece que nenhuma delas é nova, trata-se apenas de material recauchutado. Decepção pura, hein?!

As músicas são ABSURD, Hard Skool (também nome do EP), que seriam as “inéditas”, mais versões ao vivo de Don’t Cry e You’re Crazy. As duas primeiras, que seriam as novas, não são exatamente isso. Ambas são sobras do álbum Chinese Democracy, nunca foram lançadas oficialmente, mas vazaram na internet anos atrás em versões diferentes. A novidade é que agora foram retrabalhadas pela banda, com Slash e Duff tocando. As outras duas são clássicas do Guns que qualquer fã já está careca de ouvir e foram gravadas ao vivo em shows recentes. Quer dizer, põe daqui, tira dali, noves fora e os fãs têm um total de zero músicas novas no EP que sairá no início de 2022.

Veja, o Guns N’Roses não lança material novo desde 2008, quando saiu o Chinese Democracy, que só contou com Axl Rose da formação original. Então, todos os fãs estavam esperando novidades, e aí, com tudo na mão para botar na rua canções novinhas em folha, um disco de inéditas que provavelmente iria vender bem — dada a ansiedade dos seguidores — os caras vão lá e dão o que muitos admiradores consideram uma bola fora gigantesca. Claro que tem um monte de fã chiando nas redes sociais da banda.

Mas tem uma coisa: quem gosta da banda tinha é que estar feliz com esse materialzinho aí. É mequetrefe? É. É meio enganação? Também é. Mas acontece que o Guns, com este lançamento, só confirma a teoria de que não precisa lançar uma canção inédita nunca mais nesta vida para ganhar dinheiro ou excursionar. Aliás, isso é uma verdade para 90% das bandas de rock famosas e antigas que estão por aí, como Aerosmith, Metallica, U2, Iron Maiden e várias outras.

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É que CD físico vende muitíssimo pouco atualmente e grande parte do público que consome música — inclusive via streaming — parece não se interessar em álbuns com várias canções novas de seus artistas favoritos. Há um consenso na indústria de que as pessoas não param mais para ouvir um disco da primeira à última faixa e, mais do que isso, fãs de longa data querem é ouvir as canções clássicas e ponto final. Ainda falta uma pesquisa sobre o assunto, mas a crença das gravadoras é que há um número bem pequeno de fãs que realmente se interessam por um álbum novo e por material inédito dos artistas que admiram. Só mesmo aqueles mais hardcore é que querem novidades.

Com isso, o Guns N’Roses — e muitos outros artistas — realmente não vai se esforçar muito para criar e gravar material inédito. Dá trabalho e custa dinheiro lançar um disco de inéditas. Axl e seus amigos não vivem mais da venda de CDs e suas fontes de grana estão nos direitos autorais e, principalmente, nas turnês. Com a volta de Slash e Duff, em 2016, a banda vem excursionando quase que ininterruptamente — tirando o período da pandemia, claro — por quase todos os continentes e sempre tocando em estádios lotados. O repertório destas apresentações recentes é de 100% de músicas antigas e só agora, em 2021, é que estrearam ABSURD e Hard Skool. Quer dizer, quem vai aos shows do Guns vai pelo passado, pelo saudosismo e para ouvir os grandes hits, sendo que os mais novos já têm uns 25 anos.

Vendo por esse prisma, esse EP do Guns N’Roses é tipo um brinde, um mimo. Um agradinho para mostrar que a banda até tem umas coisas “novas” vindo por aí, mas que ninguém precisa ficar tão assanhadinho assim, porque o foco não são canções inéditas. E você pode pensar assim, para se sentir melhor: quem sabe o Guns não tirou essas duas músicas recauchutadas da frente para abrir caminho para um disco inteiro de material novo? Vai que, né? Não é a prioridade de Axl, Slash e Duff, mas tem gente que quer um CDzinho com novidades de verdade.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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