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Odair Braz Jr - Blogs

Haverá ainda Rolling Stones sem Charlie Watts?

Baterista é um dos mais importantes e influentes da história do rock e deixa um vazio enorme na banda inglesa

Odair Braz Jr|Do R7

Charlie Watts durante show em Santiago, no Chile, em 2016
Charlie Watts durante show em Santiago, no Chile, em 2016

Os Rolling Stones – nunca consigo chamar a banda no singular — estavam prontos para sair em turnê no dia 26 de setembro. Seria o retorno da banda aos shows após a parada obrigatória que a covid forçou todos os artistas a fazerem, e este retorno aconteceria sem Charlie Watts, o baterista que morreu nesta terça (24). Isso já estava acertado, anunciado e com substituto escolhido, já que Charlie havia passado por uma cirurgia no início de agosto e precisava ficar em repouso.

O anúncio de que a banda sairia em turnê pelos Estados Unidos sem seu histórico integrante não pegou nada bem. É só entrar no post sobre a substituição de Watts para ver a enxurrada de reclamação dos fãs. A maioria diz ali para que a banda adie mais um pouco o início dos shows para fazer as apresentações com a presença deste membro tão especial. Isso dá a dimensão do carinho que Charlie despertava nos admiradores do grupo inglês.

Bem, os Stones decidiram seguir em frente e com a benção de Watts, inclusive. Os shows continuam marcados, mas agora já não dá para saber se irão mesmo acontecer. Ao longo de sua longeva careira, o grupo sofreu baixas, como a morte do guitarrista Brian Jones, ainda nos anos 60, que havia sido demitido da banda algum tempo antes. O baixista Bill Wyman, outro integrante histórico, decidiu se aposentar dos Stones em 1992.

Acontece que esta última baixa é diferente de todas. Watts estava ainda efetivamente nos Rolling Stones e, mesmo com seus 80 anos, ninguém sequer cogitava que ele pudesse deixar a banda. Assim, foi um choque para todos os fãs e, possivelmente, para seus companheiros Mick Jagger, Keith Richards e Ron Wood.


Então, olhando por esse prisma, a partida do baterista coloca os Stones numa encruzilhada inédita em sua trajetória. É que Watts, embora não fosse um membro-fundador do grupo, não estava lá no primeiro instante, era um integrante praticamente desde o início. Tocou em todos os discos e participou de TODAS as turnês desde os anos 60. Quer dizer, Charlie era um dos pilares dos Stones.

GIGANTE


O divertido sobre a importância de Watts nos Stones é que ele era o membro mais discreto, mais tímido e introvertido de todos ali. Ele era um contraponto a toda a loucura representada por Jagger e Richards, que aprontavam de tudo em cima dos palcos e fora deles também.

Watts na capa do álbum lançado em 1970
Watts na capa do álbum lançado em 1970

O jeito discreto de Charlie aparecia também em cima do palco. Ele usava uma bateria razoavelmente enxuta, não tocava como um desesperado e sempre esteve com um rosto impassível, muitas vezes sem expressão. Apesar disso, seu instrumento tinha uma importância vital para o grupo. A bateria — e o baixo de Wyman — ditavam o ritmo dos Stones, davam o balanço.


Watts era tão importante e tão grande dentro da banda que até estampou a capa do álbum ao vivo Get Yer Ya-Ya's Out!: The Rolling Stones in Concert. Pensando rapidamente aqui não consigo me lembrar de um outro baterista de grupo de rock que, sozinho, tenha sido o único destaque de uma capa de disco.

Com seu estilo jazzístico de tocar, Watts deixou uma marca profunda no mundo do rock. Sua simplicidade e precisão são características eternas nas canções dos Stones e é claro que dá para colocar alguém em seu lugar para copiar seu estilo. Mas nunca mais será a mesma coisa e os outros três Stones remanescentes sabem disso.

É bem provável que a banda mantenha a turnê, até mesmo para honrar quem já comprou os ingressos. Mas a dúvida permanece: haverá ainda Rolling Stones sem Charlie Watts?

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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