Lenny Kravitz sensualiza e toca caminhão de hits, mas usa o playback em excesso
Mesmo assim, cantor norte-americano de 60 anos agradou seus fãs e fez todo mundo cantar junto
Flanando no palco, Lenny Kravitz, um dos maiores hitmakers da música pop desde os anos 90, colocou para jogo, no estádio do Palmeiras, na noite deste sábado (23), seu repertório que junta rock, soul, funk e pop. E parece ter agradado a plateia, que a todo momento soltava gritinhos de “gostoso”, “gato” entre outros elogios.
O cantor norte-americano de 60 anos é um dos maiores compositores de sua geração e também continua sabendo sensualizar muito bem sobre o palco. Em alguns momentos, lembra Prince, em outros caminha pelo palco quase como uma diva.
Com estas, digamos, habilidades, Lenny fez um show competente, cercado por uma ótima banda e telões de alta definição que exibiam vídeos superbem produzidos.
Ele começou o show com boas canções como Bring It On, Minister of Rock ‘n Roll e uma do novo álbum, TK421. As duas primeiras são bem conhecidas dos fãs do cantor, mas não são exatamente superhits. E foi nessa toada que o músico levou sua apresentação para um Allianz Parque com pouco mais de sua metade tomada pelo público. Não lotou, não.
Lenny se mostrou um entertainer quase completo no show. Tem presença de palco, é bonito, carismático, se move como um popstar, faz gestos para o público e manda algumas mensagens pelo microfone. O “quase completo” ali de cima surge aqui por apenas um detalhe: Kravitz usa playback em excesso. E nem procura disfarçar muito. O recurso do playback — quando o artista canta sobre uma base pré-gravada — vem sendo muito usado por bastante gente. Talvez seja o novo normal, embora este colunista considere uma certa enganação junto aos fãs. Mas o público mesmo parece não ter se importado muito com este detalhe e seguiu se divertindo sem muitos problemas.
E aí, entre uma rebolada aqui, uma sensualizada ali, Lenny vai entregando alguns bons momentos com músicas como Stillness of Heart, na qual deixou o público cantando durante alguns minutos e desceu até os fãs encostados na grade. Em Low, um de seus semi-hits, ele faz dancinha sensual pra valer e e dá para ouvir suspiros e gritinhos na plateia.
A única música que Lenny parece cantar de verdade é Fear, de seu primeiro álbum. A canção chega com vários improvisos da banda, vira tipo uma jam session ao vivo. Na sequência ele toca Paralyzed, mais uma do disco novo, que surgiu timidamente no show.
O músico reservou para o final seus maiores hits, aqueles que levantam estádio e que todo mundo conhece do rádio e de inúmeras campanhas publicitárias.
Havia chegado a hora de It Ain’t Over ‘Til It’s Over, Again, Always on the Run, o cover American Woman e a matadora Are You Gonna Go My Way?.
O bis veio com uma longa versão de Let Love Rule, na qual Kravitz colou na grade novamente e foi para os braços do público. Uma canção meio anticlimática para encerrar um show, diga-se.
Uma nota triste da noite — que teve ainda shows de abertura de Liniker, Lianne La Havas e de Frejat — é que o ex-líder do Barão Vermelho, que vinha fazendo uma boa apresentação com vários hits, teve o som simplesmente desligado na metade da última música. Ele e sua banda seguiram tocando Pro Dia Nascer Feliz mesmo assim, até um técnico da equipe de Lenny subir ao palco e falar algo para Frejat, que discutiu com o sujeito.
O público ficou do lado do músico brasileiro e vaiou a produção do cantor americano. E com razão. É muita falta de respeito tanto com um artista do Brasil quanto com a plateia.
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