Anitta, no clipe de "Envolver", em que faz a dancinha que viralizou no TikTok
ReproduçãoUma artista como Anitta chegar ao primeiro lugar mundial no Spotify é uma ofensa para muita gente. Ela tem muitos fãs, mas também tem muitos detratores que não perdem nenhuma oportunidade para detoná-la. A mais recente chiadeira contra a cantora é que a música Envolver virou hit global só porque vídeos da dancinha viralizaram no TikTok.
É fato que a canção virou o que virou por causa das pessoas postando vídeos com a coreografia da canção. Até porque essa música foi lançada há uns quatro meses, inclusive com videoclipe, e não aconteceu muita coisa com ela no que se refere a execuções. Foi bem, mas nada excepcional. Anitta e a gravadora vinham, na verdade, divulgando e trabalhando muito Boys Don’t Cry, roquezinho/pop cantado em inglês e que teve muita promoção nos Estados Unidos. Apesar do esforço, teve êxito apenas mediano mundo afora.
Então, não tem como negar que a explosão de Envolver tem mesmo ligação com os vídeos viralizados. E está lotado de gente acabando com o feito de Anitta, alegando que esse hit não tem qualidade para ser número 1 do mundo e que só se deu bem devido ao TikTok.
Bom, ninguém aqui é advogado da Anitta, mas o que é certo é certo, e esse argumento — dos vídeos do TikTok — só pode levar um grande e sonoro “e daí, colega?”. Sabe por quê? É que não interessa como a música virou a número 1 do mundo. O que importa é: ela virou, de fato, a primeirona no Spotify.
Michael Jackson, em 1983, no clipe de "Thriller"
DivulgaçãoE uma canção se tornar a mais tocada do mundo por conta de seu vídeo nem é novidade alguma. Não é exclusividade da Anitta. Desde o surgimento da MTV, nos Estados Unidos, lá nos anos 80, que vídeos ajudam a impulsionar muitíssimo uma música, a ponto de fazer com que ela seja altamente executada em rádios.
Em 1983, Thriller, de Michael Jackson, ganhou um clipe caprichadíssimo na MTV, com altas dancinhas coreografadas, muita maquiagem e uma historinha sendo contada. O vídeo teve alta rotação no canal graças aos pedidos dos fãs (e ao investimento da gravadora, claro). Essa preferência também migrou para as rádios, onde Thriller era executada pelos DJs à exaustão.
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Madonna é outra artista que se beneficiou incrivelmente dos vídeos nos anos 80, 90 e até parte dos 2000. Seus clipes sempre vinham com muito estilo, figurinos que se tornariam icônicos e altas coreografias. Citando aqui uma de suas “dancinhas” mais famosas: vogue. Já está bom, né? Não requer muitas explicações.
O poder dos vídeos que viralizaram na MTV — embora não existisse esse termo na época — vai além das dancinhas. O Guns N’Roses, por exemplo, conseguiu emplacar Sweet Child O’Mine nas rádios mundiais apenas depois que o clipe fez sucesso no canal musical.
Guns N'Roses, no clipe de "Sweet Child O'Mine"
ReproduçãoClaro que há muitos outros exemplos de canções que se tornaram hits também por causa da coreografia, como Macarena, Segure o Tchan, Ai Se Eu Te Pego, Single Ladies, Gangnam Style etc. e tal.
Então, é meio assim: não é que Envolver fez sucesso SÓ por causa do TikTok. Ela fez sucesso TAMBÉM por causa do aplicativo, e não tem nada de errado com isso. Fora que a canção tem outras qualidades, caso contrário a coreografia, sozinha, não seguraria o tchan da coisa.
Enfim, sucesso é sucesso, hit é hit. É uma grande bobagem querer desmerecer Anitta por causa disso. Deixa a moça!
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