"Música da Anitta só virou número 1 do mundo por causa do TikTok.” Sim, e daí?
Desde os anos 80 que músicas viram hits devido às dancinhas coreografadas mostradas nos videoclipes
Odair Braz Jr|Do R7
Uma artista como Anitta chegar ao primeiro lugar mundial no Spotify é uma ofensa para muita gente. Ela tem muitos fãs, mas também tem muitos detratores que não perdem nenhuma oportunidade para detoná-la. A mais recente chiadeira contra a cantora é que a música Envolver virou hit global só porque vídeos da dancinha viralizaram no TikTok.
É fato que a canção virou o que virou por causa das pessoas postando vídeos com a coreografia da canção. Até porque essa música foi lançada há uns quatro meses, inclusive com videoclipe, e não aconteceu muita coisa com ela no que se refere a execuções. Foi bem, mas nada excepcional. Anitta e a gravadora vinham, na verdade, divulgando e trabalhando muito Boys Don’t Cry, roquezinho/pop cantado em inglês e que teve muita promoção nos Estados Unidos. Apesar do esforço, teve êxito apenas mediano mundo afora.
Então, não tem como negar que a explosão de Envolver tem mesmo ligação com os vídeos viralizados. E está lotado de gente acabando com o feito de Anitta, alegando que esse hit não tem qualidade para ser número 1 do mundo e que só se deu bem devido ao TikTok.
Bom, ninguém aqui é advogado da Anitta, mas o que é certo é certo, e esse argumento — dos vídeos do TikTok — só pode levar um grande e sonoro “e daí, colega?”. Sabe por quê? É que não interessa como a música virou a número 1 do mundo. O que importa é: ela virou, de fato, a primeirona no Spotify.
E uma canção se tornar a mais tocada do mundo por conta de seu vídeo nem é novidade alguma. Não é exclusividade da Anitta. Desde o surgimento da MTV, nos Estados Unidos, lá nos anos 80, que vídeos ajudam a impulsionar muitíssimo uma música, a ponto de fazer com que ela seja altamente executada em rádios.
Em 1983, Thriller, de Michael Jackson, ganhou um clipe caprichadíssimo na MTV, com altas dancinhas coreografadas, muita maquiagem e uma historinha sendo contada. O vídeo teve alta rotação no canal graças aos pedidos dos fãs (e ao investimento da gravadora, claro). Essa preferência também migrou para as rádios, onde Thriller era executada pelos DJs à exaustão.
Madonna é outra artista que se beneficiou incrivelmente dos vídeos nos anos 80, 90 e até parte dos 2000. Seus clipes sempre vinham com muito estilo, figurinos que se tornariam icônicos e altas coreografias. Citando aqui uma de suas “dancinhas” mais famosas: vogue. Já está bom, né? Não requer muitas explicações.
O poder dos vídeos que viralizaram na MTV — embora não existisse esse termo na época — vai além das dancinhas. O Guns N’Roses, por exemplo, conseguiu emplacar Sweet Child O’Mine nas rádios mundiais apenas depois que o clipe fez sucesso no canal musical.
Claro que há muitos outros exemplos de canções que se tornaram hits também por causa da coreografia, como Macarena, Segure o Tchan, Ai Se Eu Te Pego, Single Ladies, Gangnam Style etc. e tal.
Então, é meio assim: não é que Envolver fez sucesso SÓ por causa do TikTok. Ela fez sucesso TAMBÉM por causa do aplicativo, e não tem nada de errado com isso. Fora que a canção tem outras qualidades, caso contrário a coreografia, sozinha, não seguraria o tchan da coisa.
Enfim, sucesso é sucesso, hit é hit. É uma grande bobagem querer desmerecer Anitta por causa disso. Deixa a moça!
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.