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Por que Lula erra ao dizer que 'games ensinam a molecada a matar'

Filhos do presidente cresceram jogando videogames, e um deles teve até TV especializada no assunto

Odair Braz Jr|Do R7

Presidente Lula no momento em que criticou videogames
Presidente Lula no momento em que criticou videogames Presidente Lula no momento em que criticou videogames

Na última segunda-feira (17), o presidente Lula fez uma generalização bem boba sobre os videogames. Durante reunião no Palácio do Planalto para tratar de segurança nas escolas, o chefe do executivo disse o seguinte: "Quando meu filho tem 4 anos e ele chora, o que eu faço para ele? Dou logo um tablet para ele brincar. Ensino logo um joguinho. Não tem jogo, não tem game falando de amor. Não tem game falando de educação. É game ensinando a molecada a matar".

A fala de Lula é uma questão já superada há um bom tempo no mundo todo. É bem verdade que os games, volta e meia, são acusados de alguma coisa, como promover a violência. Mas só faz esse tipo de coisa quem basicamente nunca jogou na vida.

Sim, existem jogos violentos e também aqueles cujo objetivo é matar inimigos, seres invasores, adversários etc. Qualquer pessoa que já tenha disputado um game desse tipo sabe que tudo ali não é real e que não passa de uma brincadeira. Fora que existe uma coisinha chamada "classificação etária", que determina o público que pode jogar um determinado jogo, um que seja mais realista, digamos. Um game que seja extremamente violento, por exemplo, não pode ser disputado por uma criança. É como um filme violento, que não pode ser assistido por menores de 12 anos.

Essa "criminalização" dos jogos é mais ou menos como aconteceu com desenhos animados antigos, como os do Pernalonga e Tom e Jerry, por exemplo. As histórias em quadrinhos também já foram acusadas de ser violentas e de deturpar a personalidade das crianças e dos adolescentes. Tudo uma grande bobagem, que já foi desmentida centenas de vezes.

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Em sua fala, Lula comentou ainda que "não tem game falando de amor nem de educação", o que é uma grande inverdade. Há jogos de todos os gêneros, inclusive de educação, que ensinam crianças a desenhar, a escrever, a fazer contas etc. Há games de futebol, de plataforma, de tipos variados de esporte, de exploração (que não envolve matar ninguém) etc e tal.

Aliás, é possível aprender um monte de coisas com games, como geografia e história. Muitos garotos e garotas aprenderam a falar inglês e japonês, por exemplo, por meio dos produtos lançados por empresas como Nintendo, Sega, Sony e Microsoft. Há até quem conseguiu um emprego na indústria dos jogos após ter estudado programação por causa da paixão pelos videogames. Ou seja, jogos eletrônicos ensinam sim muita coisa, são fontes de cultura, crescimento e desenolvimento.

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O presidente do Brasil precisa entender que games fazem parte de uma indústria gigantesca e milionária que não sobreviveria se só "ensinasse a criançada a matar". Ou, no máximo, seria muito mais restrita do que é hoje.

Lula, mais do que qualquer outro político ou presidente, tinha (e tem) a obrigação de não dizer um absurdo desse tipo sobre games. Um de seus filhos, Fábio Luis, já foi dono de uma TV (a PlayTV) destinada ao público jovem que, basicamente, falava de videogame o dia inteiro. Inclusive, o próprio Fábio é um gamer desde a infância.

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A declaração de Lula foi tão fora de lugar que até mesmo outro filho seu, Luís Cláudio, foi ao Twitter nesta terça (18) para rebater a fala de seu pai. Ele escreveu: "Meu pai viu os filhos e os netos crescerem jogando videogame, ele sabe que isso não nos tornou violentos. Ele fez uma declaração sobre um assunto polêmico ao vivo e acabou generalizando. Videogame é muito mais que violência; é arte, é lazer, é entretenimento...".

Enfim, seria de muito bom-tom o presidente vir a público se retratar sobre os videogames. Ele mesmo, provavelmente, deve saber que deu uma bola fora.

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