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Odair Braz Jr - Blogs

Preocupada em ser diva, Mariah Carey faz karaokê sem emoção em show em São Paulo

Cantora norte-americana se apresentou no estádio do Palmeiras, que estava lotado de fãs

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Mariah Carey cantou seus hits para fãs de todas as idades Reprodução/Instagram

Já há bastante tempo a profissão de Mariah Carey é ser diva pop. E não tem problema com isso, mas a norte-americana de 55 anos, que se apresentou na noite desta sexta (20), em São Paulo, no estádio do Palmeiras, parece ter deixado essa história de diva subir muito à cabeça.

É tanta preocupação em parecer um ser acima do bem e do mal, tanta preocupação com o cabelo, com os gestos e com o vestido que, a impressão que dá, é que Mariah deixa um pouco de lado essa coisa de cantar — e dançar. Não se esforça muito, faz o básico. Fora a — forte — sensação de que está rolando um playback ali em vários momentos. E Mariah já foi pega fazendo playback algumas vezes em sua longa carreira, então nada a impede de estar sendo espertinha desta vez também.

Mas essas coisas todas não pareceram importar muito para as mais de 40 mil pessoas que estavam no Allianz Parque para ver a moça. Mariah transformou sua apresentação num verdadeiro karaokê, com dezenas de hits dos anos 90 e 2000. A cantora apresentou suas canções em blocos, tudo em ordem cronológica, contando uma história de sua trajetória.


Ela entrou no palco às 21h, com um vestido longo vermelho, com uma fenda, e com seus cabelos loiros longos arrumadíssimos. Mariah abriu a noite com Love Takes Time, seguiu com Emotions, Can’t Let Go, I’ll Be There (do Jackson Five).

Já nesse início de show, a cantora estava supercontida sobre o palco, andando só um pouquinho daqui para ali, alguns acenos para os fãs e sempre ajeitando os cabelos. Quase como quem quer mostrar que pode flutuar de tão diva.


Vieram mais hits como Hero, Without You, Always Be My Baby, Heartbreaker e todo mundo cantando junto com ela o tempo todo.

Durante toda a apresentação, Mariah foi acompanhada de sua banda — bem simples mas funcional, assim como o palco — três cantores fazendo backing e oito bailarinos. Aliás, os dançarinos tiveram quase tanto destaque quanto a atração da noite, o que é meio bizarro.


Em mais uma aulinha de como ser a diva pop perfeita, Mariah canta algumas canções sentada num sofá rosa. De novo foi a lei do mínimo esforço, com ela ali “repousando” enquanto os bailarinos tratavam de se exercitar para o público.

Mariah durante show em Las Vegas com vestido parecido com o que usou em SP Reprodução/@instagram Mariah Carey

Claro que houve trocas de vestidos, com os fãs aplaudindo toda vez em que a cantora aparecia com uma roupinha diferente. E o cabelão lá, impávido.

A chuva deu uma apertada, mas nada que tirasse a empolgação das pessoas, que continuaram cantando outros hits como Say Somethin’, Shake It Off, Beautiful, Obsessed, entre outras.

As versões ao vivo das canções eram todas muito parecidas com as dos discos. A cantora não fazia inserções e nem mudava nada. Mariah apenas seguiu usando sua bela voz e, vez ou outra, soltava aqueles agudinhos característicos em que coloca a mão num dos ouvidos para se ouvir melhor. Momentos que o povo adorou, claro. É torcer para que não tenha sido playback.

Apesar do desfile de sucessos, Mariah não conseguiu evitar de passar uma certa sensação de burocracia. Veja, este show é basicamente o mesmo que ela fez numa residência recente em Las Vegas. Quer dizer, tudo ali é extremamente ensaiado e executado diversas vezes. Tudo ali fazia parte de um esquemão e a estrela da noite não fez muita questão de sair daquele roteiro. Não quis surpreender ninguém com nada e deve ter considerado que apenas sua presença em SP — depois de 14 anos de ausência do Brasil — já seria suficiente para deixar todo mundo feliz.

Logo fomos para o bis, com Circles, Don’t Forget About Us e We Belong Together. A única surpresa veio mesmo quando todos achavam que o show já havia terminado. Mariah disse “tchau, Brasil”, mas voltou após alguns minutos e cantou I Want to Know What Love Is, hit de 1984 da banda Foreigner que a americana regravou em 2009 e fez muito sucesso. Fazia tempo que Mariah não cantava esta e realmente surpreendeu seus fãs. Foi bem legal justamente por mostrar um pouco de emoção e por ter saído, ainda que milimetricamente, do roteiro de sempre.

O show da cantora é competente, bem ensaiado, embora simples e previsível. Só é uma pena que a vontade de ser diva atrapalhe um pouco a diversão. Parece que Mariah não está muito aí para nada, não escorre uma gota de suor e isso é meio chato para quem gosta de ver seu artista favorito se entregando sobre o palco. Vai ver é coisa de diva.

Mas é a tal história, sempre tem quem goste. E praticamente todos que estavam lá acabaram gostando.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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