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Rita Lee estava grávida quando foi presa pela ditadura; e Elis Regina foi salvá-la

Elis foi até a prisão junto com seu filho de 6 anos e fez o maior escarcéu na frente dos  policiais

Odair Braz Jr|Do R7

Rita e Elis cantando juntas
Rita e Elis cantando juntas Rita e Elis cantando juntas

Rita Lee foi, que nos deixou hoje, uma revolucionária musical e as mudanças intensas aconteceram muitas vezes ao longo de sua carreira. Ela era uma artista única e gerou fatos novos e inusitados dezenas de vezes enquanto se manteve ativa na música e, muitas vezes, estes eventos nem sempre foram positivos para ela. É o caso de sua prisão durante a ditadura.

A cantora foi presa no dia 2 de setembro de 1976, uma quinta-feira. Ela foi mandada para a cadeia por um suposto uso de drogas, após uma denúncia. A polícia entrou na casa da cantora, revirou o local e informou ter encontrado 300 gramas de maconha. Rita disse depois que a substância não era sua e que havia sido plantada pela própria polícia.

Rita, então com 28 anos, negou que estivesse usando alguma substância proibida naquele momento. Tudo porque estava grávida de Pedro Lee, seu primeiro filho. Rita deu esta informação para os policiais, que não se importaram.

A cantora era, obviamente, um alvo certeiro para o regime brasileiro. Completamente revolucionária, ela era uma personificação da liberdade feminina. Pura resistência. Então, não é difícil imaginar por que foi para a prisão.

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Mesmo sempre sendo uma mulher muito forte e desafiadora, Rita chorou na audiência em que foi condenada pelo juiz.

Já na cadeia, no DEIC, Rita era chamada pelos guardas de “ovelha negra”. Foi assim que um deles se dirigiu a ela dizendo que havia “uma cantora famosa rodando a baiana” querendo vê-la. Era ninguém menos que Elis Regina, que chegou acompanhada de seu filho, João Marcelo Bôscoli, então com 6 anos de idade.

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Elis foi até a cela em que Rita estava. Elas se abraçaram. Elis, contou Rita certa vez, brigou com todo mundo lá dentro, xingou, esbravejou e mandou comprarem comida para a cantora presa.

O mais interessante disso tudo, e que mostra o alto nível de Elis, é que as duas nem eram amigas. Na verdade, havia uma certa rivalidade entre Elis e a turma do rock. Elas se encontraram de passagem durante os festivais de música da Record e, segundo Rita, Elis nem olhava na cara de ninguém.

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Mas o que importa isso, né? Nada!

O fato é que Elis, uma outra revolucionária da MPB, enfrentou a ditadura, encarou os policiais, foi até o temido DEIC para mostrar solidariedade e chamar a atenção da imprensa para o absurdo que era a prisão de Rita. E conseguiu. Tanto é que a cantora dona de cabelos ruivos não ficou muito tempo na cadeia. Cerca de dez dias depois, saiu e passou a cumprir um ano de prisão domiciliar.

Rita e Elis, duas das maiores artistas produzidas neste país, duas mulheres, mostraram para todo mundo, na época, o que era resistência. E continuaram assim até o fim de seus dias.

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