Sargento Pincel não tinha graça nenhuma, mas a gente ria do mesmo jeito
Personagem se tornou um coadjuvante clássico de 'Os Trapalhões' e alegrou várias gerações de espectadores
Odair Braz Jr|Do R7

Muita coisa em Os Trapalhões não funcionava como se desejava. Os quadros tinham situações divertidas, mas com desfechos frouxos; Dedé Santana era o sem-graça por excelência; muitos coadjuvantes não tinham pegada para o humor; havia convidados sem traquejo etc. E o Sargento Pincel, interpretado pelo ator Roberto Guilherme — que morreu nesta quinta-feira (11) —, pertencia também à cota dos comediantes sem graça que integravam o programa de TV.
A questão é que Pincel era tão sem graça, tão sem jeito para o humor que acabava ficando incrivelmente engraçado e, assim, conseguia divertir e agradar ao público. O personagem de Roberto era um “escada”, integrante do elenco que serve de apoio para o protagonista brilhar e fazer suas piadas. Quer dizer, ele era meio que um Dedé Santana, que fazia o papel de eterno escada de Didi. A diferença é que Pincel cumpria a mesma função, só que para todo o quarteto.
O personagem de Roberto, um integrante do exército, era considerado o quinto trapalhão e participou do programa de Didi, Dedé, Mussum e Zacarias durante muitos anos. Ele não aparecia em todos os quadros, mas surgia com bastante frequência e acabou caindo no gosto popular. Era sempre alguém que os espectadores esperavam entrar em cena em algum momento.
Embora ele não fosse um humorista de mão-cheia, provocava risos logo quando aparecia na tela. Sempre vestido com roupas militares, careca, rosto engraçado, bigode escovinha, Pincel exagerava nos trejeitos, demonstrava ser nervosão e forçava risos estridentes. Quase sempre se dava mal nas esquetes e acabava sendo zoado por todos os trapalhões, especialmente Didi.
Com seu estilo espalhafatoso, Roberto ficou durante anos no elenco do programa global e seguiu adiante com Didi em programas solo na Globo. Ele era um daqueles personagens que se tornam clássicos sem querer, como o Seu Madruga em Chaves ou o Praga, aquele da Xuxa.
No fim das contas, é totalmente justo chamá-lo de o quinto trapalhão. Ele reuniu mesmo todas as características para ser lembrado assim. Para o bem e para o mal.