Smashing Pumkins traz os anos 90 para show em São Paulo e bota fãs para chorar de emoção
Grupo norte-americano fez uma apresentação um pouco diferente, com algumas surpresas muito bem-vindas
MTV no Brasil, grunge, morte de Kurt Cobain, U2 e sua Zoo Station Tour. Tudo isso cercava o mundo pop naquela primeira metade dos anos 90, justamente quando também surgiu na cena musical o Smashing Pumpkins, banda de Chicago liderada por Billy Corgan.
O grupo entrava no balaio do Grunge junto com Nirvana, Pear Jam, Soundgarden e outras do tipo, mas era claramente diferente de todas elas. Tanto que Corgan já disse várias vezes que não se enxerga neste rótulo.
Mas o fato é que o Smashing Pumpkins tem uma identificação fortíssima com essa geração do rock dos anos 90 e conquistou fãs ardorosos, para quem é uma das bandas de suas vidas. E esse pessoal não perdeu a chance de ver Billy e seus colegas num show em São Paulo, na noite deste domingo (3), no Espaço Unimed.
Dava para ver que quem foi à apresentação era fã, mas não só um fã. Fã demais! Todo mundo ali sabia as letras de cor, até mesmo as das canções não tão famosas. Além de cantar quase gritando, tinha um povo chorando de verdade. Poucas vezes presenciei tanta gente soltando lágrimas num show de rock. O que só reforça o status de “banda da vida” que os Pumpkins têm com milhões de pessoas no mundo.
A apresentação começa com a operística Atum, tema instrumental da própria banda, que dá aquele climão grandiloquente ao espetáculo. O som rola sem os músicos no palco e as luzes ajudam na atmosfera. A banda, então, entra com seus cinco integrantes, sendo três deles originais, e a brincadeira começa com The Everlasting Gaze, do quinto álbum do grupo, Machina/The Machines of God, de 2000. Não dá para dizer que esta canção foi um hit do SP, mas ninguém ali se importou com isso e cantou junto.
Obviamente estava todo mundo meio maravilhado/assombrado com a presença de Corgan, que realmente causa um impacto ao vivo. Totalmente careca, alto e com sua batina preta com botões vermelhos, o vocalista/guitarrista impressiona. Às vezes lembra um Nosferatu apocalíptico, mas que também tem sua dose de simpatia, humor e até piadas de tiozão.
A festa segue com Doomsday Clock, do álbum Zeitgeist, de 2007. Na sequência os músicos mandam uma cover de Zoo Station, do U2. Embora o SP venha tocando esta música em praticamente todos os shows desta turnê, não deixa de ser uma surpresa para quem vê o show pela primeira vez.
E é uma grata surpresa, porque esta canção é do álbum Achtung Baby, de 1991, que mudou tudo na carreira do grupo de Bono e cia. Foi meio que um marco do início dos anos 90 e mostrava como seriam diferentes da década de 80. O Smashing Pumpkins estava inserido nesse contexto de novidade e ajudava a dar uma cara nova àqueles anos. Mas, claro que a Zoo Station na versão de Corgan é diferente da original, mais barulhenta e com guitarras muito mais pesadas, quase irreconhecível.
Por falar em barulho, o grupo capricha nesse quesito, tanto que toca com três guitarras: a do próprio Billy, a de James Iha velho de guerra e a de Kiki Wong, que entrou este ano para a banda. Aliás, a texana foi uma ótima adição à banda: toca pesado e se veste como uma guitarrista de metal. Estranhamente, acabou casando superbem com o Smashing.
A coisa subiu de patamar com Tonight, Tonight, um dos maiores hits do grupo. Daquelas que tocam fundo no coração de quem segue a banda. Ao final da canção, o SP é completamente ovacionado pela plateia.
Ava Adore e Disarm são tocadas na sequência e foi daquelas para lavar a alma. Disarm teve Billy só nos vocais, sem guitarra. Depois, o vocalista fica sozinho no palco e só com um violão canta Landslide (do Fleetwood Mac) e Shine On, Havert Moon (de Ruth Etting). Estes dois covers foram uma surpresa, porque ele não tem feito isso em seus shows. Um primeiro presentinho para quem estava lá.
O público voltou a entrar em ebulição quando Corgan soltou as palavras “the world is a vampire”, de Bullet With Butterfly Wings. A barulheira distorcida continuou com Perfect. 1979, outro clássico, também bota todo mundo cantando junto.
Já próximo do fim do show, James Iha e Corgan começam uma conversinha divertida e o cantor até faz uma piada de tiozão com o nome do piloto Max Verstappen, que venceu o GP de São Paulo na tarde de domingo. Vem Gossamer e antes de Cherub Rock, Iha apresenta a banda. Nesse momento, os músicos fazem brincadeirinhas tocando pequenos trechos de Thunderstruck (AC/DC) e Iron Man (Black Sabbath).
O show termina com Zero, música do disco Mellon Collie and the Infinite Sadness, de 1995. O terceiro da banda. Fim, todo mundo para casa, afinal, nesta turnê, o SP não volta para o bis.
Mas, por algum motivo, as luzes estavam demorando para se acender e muita gente ficou ali esperando algum movimento. E o grupo voltou mesmo ao palco para tocar Ziggy Stardust, do David Bowie, com Iha nos vocais. Mais um presente para os fãs que receberam o Smashing Pumpkins de um jeito tão vibrante e energético.
O público de São Paulo foi embora feliz da vida.
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