The Cult manda bala no seu hard rock cheio de energia e simplicidade em show lotado em São Paulo
Banda inglesa clássica vem pela quinta vez ao Brasil e, agora, celebra seus 40 anos de existência

De todas as bandas de hard rock dos anos 80, o The Cult sempre foi a mais diferente e interessante, e era impossível colocá-la na mesma prateleira de grupos do gênero, especialmente com os norte-americanos.
Os ingleses do Cult tinham — ainda têm — letras e som mais trabalhados, misteriosos, tensos e sombrios e estavam anos luz à frente de bobagens do hair metal como Motley Crew, Poison entre outras tranqueiras ianques.
E foi esta banda instigante que se apresentou em São Paulo, na noite deste domingo (23), na Vibra São Paulo, como parte de sua turnê comemorativa de 40 anos de existência.
O público, que lotou a casa de shows, pode ver que o grupo liderado pelo vocalista Ian Astbury e pelo guitarrista Billy Duffy continua batendo um bolão mesmo depois destas quatro décadas de carreira. A voz de Ian continua ótima e ele segura bem o show todo com seu carisma. Duffy, outro ponto central do Cult, não falha na guitarra e dá o tom em todas as canções com seus solos característicos.
Como é uma celebração dos 40 anos do grupo, o repertório do show trouxe um pouco de todas as fases do Cult, mas a presença de material antigo é bem maior. Por exemplo, só tocaram uma única canção — Mirror — de seu disco mais recente, que é o Under the Midnight Sun. Entrou alguma coisa ali do início dos anos 2000 e o restante das músicas era mesmo dos anos 90 para trás.
O show começou com algumas canções não tão famosas, como as que abriram a noite: In the Clouds, Rise, Wild Flower. Dava para ver que o público não tinha embarcado ainda na vibe da banda, que poderia ter colocado algum hit ali no início dos trabalhos. Só lá pela metade da apresentação é que surgiu Edie (Ciao Baby), um sucesso daqueles de mão cheia. Os fãs cantaram junto com Ian, sempre bem empolgado e sempre brincando com seu pandeiro, jogando o instrumento pra lá e pra cá, chutando, subindo na caixa de retorno etc.
O povo embarcou de vez no show conforme os sucessos entraram em cena. Foi assim com Revolution, Rain e Fire Woman. O bis veio com Brother Wolf, Sister Moon e as conhecidíssimas She Sells Sanctuary e Love Removal Machine.
Foram ao todo 17 músicas, o que deixa a apresentação concisa e sem cansar os fãs. Dá para dizer que foi na medida, embora tenha faltado, pelo menos, a baladona Painted on My Heart, que tocou muito no Brasil e que, certamente, deixaria muito gente feliz.
Mas, no fim das contas, as pessoas parecem ter saído satisfeitas apesar do início morno. O Cult mostrou muita objetividade e energia com um show rápido, sem fogos de artifício no palco, sem vídeos, telões ou outras firulas. Foi só o hard rock mesmo do começo ao fim. E já está muito bom para uma banda com 40 anos de vida.