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Tina Turner foi, nos anos 80, de ‘a mulher que apanhava do marido’ para ‘a velha que faz sucesso’

Cantora foi extremamente estigmatizada nos anos 80, quando fazia um sucesso descomunal na rádio, na TV e no cinema

Odair Braz Jr|Do R7

Tina Turner num show em São Francisco, em 1997
Tina Turner num show em São Francisco, em 1997 Tina Turner num show em São Francisco, em 1997

Lembro claramente como Tina Turner — que nos deixou nesta quarta-feira (24) — era tratada lá no meio dos anos 80, quando explodiu em sucesso novamente, lançando um hit atrás do outro, o que a transformou numa rainha do rock e do pop.

Em 1986, quando tinha 47 anos, Tina era vista como “a velha com tudo em cima”, “a coroa que ainda manda bem” e por aí afora. Isso acontecia fortemente apesar de todo o êxito pelo qual passava naqueles anos. Quando se conversava sobre a cantora, quando era mencionada na mídia, quase sempre comentava-se primeiramente sua idade, para apenas depois citar sua música, sua vida profissional. 

Ela já vinha lançando discos solo desde 1974 — nos anos 60 e parte dos 70, Tina formava dupla com seu então marido agressor, Ike Turner —, mas que tinham participação ou produção dele. Em 1978, já devidamente divorciada, a cantora colocou nas lojas Rough, que pode ser considerado seu primeiro lançamento realmente solo, só que ainda muito próximo do seu trabalho já conhecido do público.

O cenário só viria a mudar completamente para Tina nos anos 80, quando lançou o álbum Private Dancer, em 1984, após um hiato de cinco anos.

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Assim, ali por volta de 85, 86, Tina já estava completamente estourada nas rádios e MTV com músicas como What’s Love Got to Do With It, Private Dancer, Paradise Is Here. Teve ainda outro megahit, We Don’t Need Another Hero, também de 85, da trilha sonora do filme Mad Max e a Cúpula do Trovão.

- Não foi uma boa vida, disse Tina Turner em despedida pública há dois anos

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Veja: com todo esse sucesso, tocando sem parar na mídia e fazendo show atrás de show, Tina Turner era vista como uma velha. Aos 47 anos! Shakira tem 46 anos, Beyoncé tem 41, e não são nem de longe consideradas velhas. Sim, as coisas mudaram um pouco nesse sentido, mas Tina era vista mesmo praticamente como uma idosa naquela metade dos anos 80. Era assim que as pessoas que passavam dos 40 anos, especialmente mulheres, eram tratadas naqueles tempos.

Tudo virava motivo para críticas a Tina: suas roupas, maquiagem, uso de minissaia, salto alto, o cabelão. Nada escapava e rolava aquela censura velada, aquela reprovação e a condenação mesmo de uma "uma mulher de 47 anos de minissaia". Como é que pode isso?

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Tina enfrentava este estigma da idade — o famoso etarismo — praticamente ao mesmo tempo em que também tentava se livrar da imagem da mulher que sofreu violência do marido. Em 1981, ela revelou durante uma entrevista que sofria abusos de Ike Turner. Foi, obviamente, um escândalo, até porque os dois eram bem famosos pela dupla que formaram no passado.

Em sua autobiografia, lançada nos anos 80, Ike disse que não batia tanto assim em Tina, a não ser por “uns tapas e uns socos impensados”. Ou seja, um canalha.

A cantora teve, então, que encarar tudo isso nos anos 80, quando voltou a viver um novo auge, possivelmente o maior de sua carreira artística. Ela encarou estes problemas — marido abusador e etarismo — de frente e saiu-se incrivelmente bem, conseguindo superá-los.

Felizmente o público, os fãs da cantora, não deram muita bola para esses preconceitos todos que insistiam em atrelar a sua imagem. Tina apontou caminhos para mulheres, mostrou que elas realmente podiam estar onde quisessem, independentemente do que tenha acontecido no passado, de marido abusador ou de idade. Foi uma precursora, de fato.

Tina, já naqueles anos, era um colosso e mostrou isso naqueles estranhos anos 80. É inigualável.

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