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Ver 'Indiana Jones e a Relíquia do Destino' no cinema deveria ser obrigatório para todo mundo

Novo filme do arqueólogo marca a despedida de Harrison Ford de um dos maiores personagens do cinema moderno

Odair Braz Jr|Do R7


Indiana Jones com seus velhos companheiros, o chapéu e o chicote
Indiana Jones com seus velhos companheiros, o chapéu e o chicote

Se o mundo fosse justo, os cinemas do mundo todo deveriam estar lotados e com ingressos disputados a tapa para ver Indiana Jones e a Relíquia do Destino, filme que marca a última vez que Harrison Ford interpreta o arqueólogo.

Mais do que isso, as pessoas deveriam estar muito felizes de poder presenciar Indiana Jones em ação no cinema num filme novinho em folha, ainda que sem Steven Spielberg na direção, que decidiu por conta própria não comandar esta produção. Isso dá uma certa tristeza. Paciência.

Bem, claro que não dá para comparar A Relíquia do Destino com os três primeiros longas, lançados entre 1981 e 1989, que, afinal de contas, já são clássicos das telas. Mas, apesar de não superar o passado — o que seria meio impossível mesmo —, esta nova aventura resgata o velho arqueólogo da má impressão deixada em 2008 por Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, quarto longa que foi um tanto quanto trágico e totalmente esquecível.

O lance agora é que o diretor James Mangold, o mesmo de Logan e Ford Vs. Ferrari, consegue manter um bom nível no filme, entregando muita diversão, aventura e umas belas sacadinhas ao longo das 2h22 de projeção (o mais longo da saga do arqueólogo). Óbvio que há questões aqui e ali, mas, no geral, é bem satisfatório o que vemos no cinema.

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É uma alegria muito grande ver Ford com o chicote e o chapéu mandando ver em várias cenas de luta, de perseguição, subindo e descendo paredes, entrando em locais obscuros e até visitando o fundo do mar. Mais do que ser uma alegria, é surpreendente e emocionante acompanhar todas as suas estripulias. O ator não tenta em momento nenhum parecer mais jovem ou esconder a idade que tem. Ao contrário disso, ele abraça a passagem do tempo e faz isso com o roteiro, que mostra de um jeito bem interessante o passado, o presente e o futuro. O tempo passou, a idade chegou, e vemos Indiana Jones tentando se encontrar no meio de tudo isso.

O filme brinca o tempo todo com o passado de uma maneira tão forte que a história começa com Indiana em 1945, bem no finzinho da Segunda Guerra Mundial. Harrison Ford tem seu rosto rejuvenescido digitalmente — e que ficou perfeito —, e temos mais de 20 minutos em tela com o ainda jovem Indiana, que luta com todas as suas forças e afinco contra os agonizantes nazistas. Sempre eles, né?!

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Indy e Helena em cena de 'A Relíquia do Destino'
Indy e Helena em cena de 'A Relíquia do Destino'

Após a sequência inicial, a história salta para 1969, com o arqueólogo vivendo e trabalhando — como professor universitário — em Nova York. Seus dias de aventura ficaram no passado, mas ele tem de voltar à ativa quando seguidores modernos de Adolf Hitler continuam por aí atrás de um objeto da antiguidade que seria capaz de detectar fendas temporais.

Neste momento, somos apresentados a Helena (Phoebe Waller-Bridge, de Fleabag), filha de um grande amigo de Jones e que faz as vezes da mulher que sempre esteve presente ao lado do arqueólogo em seus filmes. A personagem faz uma duplinha interessante com Indy, e eles dão momentos divertidos para o público.

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Os dois começam sua relação num arranca-rabo daqueles, já que Helena mostra uns desvios de personalidade. Mas, aos poucos, se entendem e passam a atuar em parceria, afinal de contas, percebem que têm um objetivo em comum, que é impedir que o artefato precioso caia nas mãos do nazi Dr. Voller (Mads Mikkelsen), o mesmo que Indy encarou em 1945 e que pretende triunfar onde Hitler falhou.

E aí, é acompanhar o desenrolar da história. O roteiro faz boas citações ao passado de Indy, valoriza sua trajetória e é mesmo reverente a tudo o que Indy viveu em seus três filmes iniciais. O quarto longa não é apagado, mas é feita uma retificação a ele que vem bem a calhar.

Nessas de valorizar o passado, temos de brinde a participação de John Rhys-Davies no papel de Sallah, amigão de Jones que aparece em Os Caçadores da Arca Perdida e em A Última Cruzada. Um diálogo entre os dois mostra bem que o arqueólogo não se prende ao passado nem tenta esconder que está mesmo velho. E tudo bem! Bola para a frente, porque tem nazistas à solta que precisam ser parados.

A Relíquia do Destino tem vários acertos, como dito acima, mas também tem suas pequenas falhas. A maior delas talvez seja a duração excessiva. Um corte de 20 minutos teria deixado a produção mais enxuta e ágil. A participação do garoto Teddy (Ethann Isidore), numa tentativa de criar um novo Short Round, não deu certo e poderia ter sido beeeeem abreviada.

Veja o trailer do filme:

Tirando esses e alguns outros detalhes, o quinto filme de Indiana Jones se transformou numa despedida digna de Harrison Ford do personagem. E, sim, havia a necessidade de esta produção ser lançada, principalmente depois da semitragédia que foi O Reino da Caveira de Cristal. Após virar um clássico moderno do cinema com seus três primeiros longas, Indy não merecia sair de cena pela porta dos fundos.

É meio óbvio que todo mundo vai comparar este quinto longa da saga com os anteriores e quando isso acontece é inevitável que saia chamuscado. Os filme iniciais, especialmente os dois primeiros, são obras praticamente perfeitas, com Spielberg no auge. Reproduzir aquela atmosfera é impossível, James Mangold é bom mas não é gênio e é difícil mesmo lutar contra um passado glorioso. Aqui, não há inovação, não se corre riscos e se reproduz o passado de maneira quase protocolar. Mas isso tudo não faz de A Relíquia um filme ruim. Longe disso. 

É bem verdade que a bilheteria de estreia não foi aquela maravilha, arrecadou em todo o mundo US$ 130 milhões e ficou em primeiro lugar nos EUA. A questão é que esse valor ficou abaixo da previsão inicial da Disney, que era de US$ 140 milhões. Mas o que isso significa para os fãs? Não muita coisa. O cinema mudou, as pessoas mudaram, e os blockbusters não são mais os mesmos depois da pandemia. Não se deixe enganar por vendas de ingressos e vá ver A Relíquia do Destino no cinema. Se for numa sala Imax, melhor ainda.

Indy/Ford merecem.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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