Começa assim: “Pequenina, de traços delicados, cabelo cortado rente à cabeça, movimentos livres, gesticulando um pouco, com uma inteligência alerta e rápida, facilidade de expressão verbal – eis Elis Regina, pelo menos uma delas. - Por que você canta, Elis? Só porque tem voz magnífica? Conheço pessoas de ótima voz que não cantam nem no banheiro. - Sei lá, Clarice, acho que comecei a cantar por uma absoluta e total necessidade de afirmação. Eu me achava um lixo completo, sabia que tinha uma voz boa, como sei, e então essa foi a maneira para a qual fugi do meu complexo de inferioridade. Foi o modo de me fazer notar. Clarice misturava amizade, admiração e respeito. Eles desabrochavam ao lado dela. Um bate papo revelador. Fortes declarações sem meias palavras. - Se você não cantasse, seria uma pessoa triste? - Seria uma pessoa profundamente frustrada, e que estaria buscando uma outra forma de afirmação.