Após ser considerado um monopólio ilegal, Google pode ser obrigado a vender o Chrome
Recomendação foi feita pelo Departamento de Justiça dos EUA, e pode mudar completamente o mercado de buscas
Em agosto, um juiz federal dos Estados Unidos concluiu que o Google opera como um monopólio ilegal em seu negócio de buscas online. Por mais estranho que possa parecer, reconhecer a ilegalidade de parte das operações da empresa foi a parte fácil desse julgamento — que ainda pode abrir o caminho para que outras big techs tenham seus negócios destrinchados no país.
A parte difícil é decidir o que fazer daqui para frente.
Uma matéria da Bloomberg afirmou que o Departamento de Justiça recomendará ao juiz Amit Mehta que a decisão final dele force a empresa a vender o navegador Chrome, separar o Android das unidades de busca e do Google Play. Além disso, a Alphabet (controladora do Google) terá que compartilhar mais informações com os anunciantes, o que dará mais controle a eles sobre como suas propagandas serão exibidas.
Como diz a Bloomberg:
“Se Mehta aceitar as propostas, elas têm o potencial de remodelar o mercado de busca online e a crescente indústria de IA. O caso foi aberto sob o primeiro governo Trump e continuou sob o presidente Joe Biden. Ele marca o esforço mais agressivo para controlar uma empresa de tecnologia desde que Washington tentou, sem sucesso, dividir a Microsoft duas décadas atrás.”
Na argumentação do Departamento de Justiça, ser dona do navegador mais usado do planeta (66,6% do mercado, segundo dados da StatCounter) dá uma grande vantagem à empresa, por ser capaz de coletar dados de usuários e enviar a eles anúncios de forma mais direcionada. Além disso, o navegador também direciona os usuários para a Gemini, a nova inteligência generativa da Google.
Essa solução foi considerada a mais branda entre as discutidas por especialistas do Departamento de Justiça. Uma das propostas mais rígidas era recomendar que a decisão judicial forçasse a empresa a vender o Chrome e o sistema operacional móvel Android.
Mas existe um complicador: alguma empresa teria que comprar o navegador, e ela precisaria ser igualmente gigante, uma vez que o valor estimado do Chrome é de US$ 20 bilhões (R$ 116 bilhões, no câmbio atual). A Amazon seria uma opção fácil de apontar, assim como a Microsoft, mas ambas as corporações também enfrentam escrutínio recente por práticas monopolistas similares em outros mercados, o que pode tornar o processo ainda mais complexo. Alguns sugeriram a OpenAI, que está em outro mercado, mas resta saber se a criadora do ChatGPT estaria interessada em uma compra tão cara.
Em resposta, o Google afirmou que os juristas do Departamento de Justiça “continuam a impulsionar uma agenda radical que vai muito além das questões legais neste caso”.
Segundo informações da imprensa norte-americana, o juiz federal Amit Mehta planeja dar o veredito final do caso até agosto de 2025.