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ChatGPT e óculos de gravação: terroristas planejaram ataques nos EUA com tecnologia de ponta

Suspeito da explosão de picape Cybertruck em Las Vegas e terrorista que atropelou pessoas em Nova Orleans usaram ferramentas tecnológicas em atentados, e especialistas estão preocupados

Tela Azul|Filipe SiqueiraOpens in new window

Suspeito de explodir carro em frente a Trump Hotel fez pesquisas no ChatGPT Reprodução/Polícia Metropolitana de Las Vegas

A virada de ano nos Estados Unidos foi marcado pelo terror. Três ataques foram registrados com horas de diferença no país. Em um deles, 15 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em um atropelamento em Nova Orleans. No outro, uma picape Cybertruck, da Tesla, explodiu em frente ao Hotel Trump de Las Vegas. O terceiro foi um tiroteio em massa em Nova York, que deixou ao menos 10 feridos.

Autoridades de segurança do país investigaram possíveis conexões entre os três ataques, e os primeiros informes descartaram categoricamente uma “ligação definitiva” entre os dois eventos.

Mas algo conecta dois dos atentados: o uso de tecnologia de ponta no planejamento de dois dos ataques — a explosão da picape da Tesla em Las Vegas, e no atropelamento em massa em Nova Orleans.

Conversas com IA

Antes de explodir uma picape Cybertruck, em Las Vegas, Matthew Livelsberger, um soldado das Forças Especiais do Exército, fez diversas pesquisas no ChatGPT para descobrir como produzir explosivos.


Segundo registros divulgados pela Polícia Metropolitana de Las Vegas, Matthew fez perguntas ao chatbot da OpenAI sobre locais para compra de armas, detalhes de como adquirir materiais explosivos legalmente e como detonar bombas com tiros. Além disso, questionou que telefones poderiam ser comprados sem a necessidade de dar informações pessoais para ativação.

Matthew acabou morto após o carro explodir em frente ao hotel, provavelmente por algum mau funcionamento dos explosivos no carro ou curto-circuito.


Segundo o site The Verge, as investigações até o momento apontaram que os resultados dados pelo ChatGPT não eram de fontes restritas, e poderiam ser obtidos com pesquisas apuradas no Google ou outros buscadores. Mas demonstram usos nocivos da tecnologia — que, segundo a OpenAI, não deveria funcionar dessa forma.

Questionada por autoridades, um porta-voz da OpenAI deu a seguinte declaração sobre o caso:


“Nossos modelos são projetados para recusar instruções prejudiciais e minimizar conteúdo perigoso. Neste caso, o ChatGPT respondeu com informações já disponíveis publicamente na internet e forneceu avisos contra atividades prejudiciais ou ilegais. Estamos trabalhando com as autoridades policiais para dar suporte à investigação.”

Os resultados mostram também as fragilidades da programação que protege os chatbots de IA de dar resultados do tipo, e também revelam que não existe privacidade nas pesquisas.

Óculos high-tech da Meta

Da mesma forma, Shamsud-Din Jabbar, que atropelou dezenas de pessoas nas comemorações de virada de Ano em Nova Orleans, utilizou tecnologia moderna no planejamento do ataque.

Em um vídeo divulgado pelo FBI, Jabbar faz passeios nas ruas da cidade filmando a vizinhança com um par de óculos inteligentes Ray-Ban, desenvolvido pela Meta. É possível vê-lo andando de bicicleta em outubro nas ruas da cidade onde cometeu o atentado sangrento, em um vislumbre chocante da rotina de um terrorista.

O FBI ainda não informou como ele pode ter usado os vídeos no planejamento, mas ressaltou que o gadget permitiu gravações detalhadas sem chamar atenção dos moradores.

“Os óculos Meta parecem óculos comuns, mas permitem que o usuário grave vídeos e fotos sem usar as mãos. Eles também permitem que o usuário faça uma transmissão ao vivo por meio do vídeo”, disse um agente do FBI em uma coletiva de imprensa logo após a divulgação das imagens.

Sam Hunter, especialista em contraterrorismo, ressaltou, em entrevista à NBC News, que o fato do dispositivo ser discreto torna provável que seja utilizado em atentados terroristas futuros.

“Eu não ficaria surpreso se você visse versões deles ou pessoas os usando para planejar ataques no futuro, novamente porque eles são muito discretos em termos de captura dessas imagens.”

Jabbar também colocou artefatos explosivos caseiros nas ruas da cidade, que não detonaram. Ele usava os óculos durante o ataque, mas não fez gravações, segundo agentes federais. Ele acabou morto ao trocar tiros com a polícia, após sair da caminhonete que ele usou para cometer o ataque.

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