Cientistas ensinam ratos a dirigir e descobrem que os roedores ficaram felizes com a experiência
Estudo conduzido por neurocientista avaliou como ratos aprendem quando estão em ambientes saudáveis, e que tipo de emoções desenvolvem
As imagens por si só são divertidas: um rato dentro de um carrinho conduze o veículo em busca de guloseimas. A experiência de autoescola para roedores foi ideia de neurocientistas da Universidade de Richmond, nos Estados Unidos, e revelou resultados inesperados. Para acelerar, os ratos deviam puxar um pequeno fio, e não demorou para dirigirem com “previsão surpreendente”, escreveu Kelly Lambert, professora de neurociência comportamental da instituição, em um texto no The Conversation.
A pesquisa inusitada revelou não apenas as habilidades dos roedores, mas demonstrou que animais em ambientes ricos — com brinquedos, grandes espaços e companheiros — aprendiam qualquer coisa mais rápido.
Os primeiros resultados foram publicados em janeiro de 2019, e imediatamente viralizaram. Afinal, não é todo dia que vemos ratos “pisando fundo” em busca de um pouco de alimento. Mas Kelly revelou em novembro que as pesquisas continuam e os resultados foram ainda mais imprevisíveis.
“Os ratos geralmente preferem terra, gravetos e pedras a objetos de plástico. Agora, nós os tínhamos dirigindo carros”, afirmou Kelly, surpreendida.
Embora nossa compreensão dos animais indique que eles não foram feitos para dirigir, o mesmo pode ser dito de humanos, de forma que o estudo demonstra que pequenos cérebros de roedores também podem ser flexíveis e aprender coisas completamente diferentes do tipo de situação que eles encontram na natureza. Mas tem muito mais!
Recompensas
O estudo dividiu os ratos-marrons domesticados em dois grupos: um teria que cumprir tarefas para receber cereais industrializados doces e o outro só receberia a guloseima. Na segunda rodada de alimentação, todos deveriam cumprir outras tarefas para serem avaliados.
Pela análise, os ratos que precisavam se esforçar para conseguir comida se saíram melhor nas tarefas. Além disso, ficaram felizes em aprender a dirigir.
“Inesperadamente, descobrimos que os ratos tinham uma motivação intensa para seu treinamento de direção”, conta Kelly. Ela conta que viu várias vezes os ratos correrem ansiosamente para os carrinhos para tentar entrar e começar a dirigir.
A partir dessas observações, a pesquisa mudou de foco: da influência do estresse crônico nos cérebros, para como os eventos positivos e alegria associada a eles podem moldar funções neurais. Para isso, os cientistas fizeram os ratos esperarem 15 minutos antes de receberem a recompensa ou poderem dirigir. O outro grupo recebia a recompensa imediatamente.
Como é possível apostar, os ratos obrigados a esperar “foram mais ousados em suas estratégias de resolução de problemas”, descreve a pesquisadora. Além disso, perceberam que os ratos parecem ter emoções similares a esperança.
“À medida que os animais — humanos ou não — navegam pela imprevisibilidade da vida, antecipar experiências positivas ajuda a impulsionar a persistência para continuar buscando as recompensas da vida. (…) m vez de apertar botões para recompensas instantâneas, eles nos lembram que planejar, antecipar e aproveitar o passeio pode ser a chave para um cérebro saudável.”
Surpreendente.