Como uma rede social de 20 funcionários assusta Zuckerberg e compete com plataforma de Elon Musk
Bluesky não tem vínculos com bilionários, tem crescimento acelerado e conta com recursos copiados pela Meta
O Bluesky é uma rede social ainda relativamente pequena, mas já deixa gigantes em alerta. Tem 23 milhões de usuários enquanto escrevo esse texto, e os números continuam a crescer de forma acelerada — eram 9 milhões de usuários no início de setembro.
Conta com apenas 20 funcionários em tempo integral, não possui vínculos com gigantes da tecnologia ou bilionários, e parece ser a melhor alternativa ao X, plataforma anteriormente conhecida como Twitter até ser comprada por Elon Musk. O sucesso recente deixou até Mark Zuckerberg em alerta.
Também conseguiu alguma maturidade no tempo certo. Antes exigia convites, mas passou a funcionar de forma aberta a tempo de acolher milhões de usuários durante o longo bloqueio do X no Brasil, e para receber uma nova leva de descontentes após a eleição de Donald Trump para mais um mandato na presidência dos Estados Unidos.
Mas, o que torna o Bluesky um concorrente forte?
Para ser franco, o Bluesky é como um clone do Twitter. É visualmente muito parecido e conta com recursos praticamente iguais. Não foi o único clone criado para atrair usuários da rede social após o controverso bilionário Elon Musk comprá-la por US$ 44 bilhões, no final de 2022. A plataforma indiana Koo chegou a cair nas graças dos brasileiros para logo depois ser abandonada de forma inglória e encerrar as atividades.
Mark Zuckerberg viu a oportunidade e lançou o Threads, que rapidamente se tornou o empreendimento de tecnologia de crescimento mais rápido da história. Em apenas cinco dias, contabilizava 100 milhões de usuários. Mas não foi o suficiente. Muitos reclamam que o Threads é uma rede social sem graça, feita para empresas e influenciadores prosperarem.
Ao contrário do X e do Threads, o Bluesky (por enquanto) não possui algoritmos que organizam a maioria dos feeds. É como um Twitter das antigas: posts em ordem cronológica de forma decrescente, o que o torna uma plataforma de microblog como foi concebida.
Também permite uma grande customização dos feeds, além de ferramentas interessantes de moderação de conteúdo, o que evita bullying online e ataques direcionados. Para os brasileiros, também existe outro diferencial: o país é um dos com mais usuários na plataforma, ao lado do Japão e Estados Unidos.
Meta em alerta
Quando se sente ameaçado por rivais, Mark Zuckerberg adota sua manjada tática: copiar os melhores recursos de concorrentes. Nunca é demais lembrar que os Stories do Instagram frearam o crescimento do Snapchat. Os Reels também tentaram conter o sucesso inigualável do TikTok.
Um dos recursos do Bluesky que chegaram ao Threads são justamente os feeds personalizados. Um teste da função foi anunciada oficialmente no dia 15, e liberada para todos os usuários cinco dias depois — um tempo anormalmente rápido para uma rede social deste tamanho.
Concorrente de Elon Musk
O X também não está em seus melhores dias, embora os dados sejam um pouco mais escassos. Na Europa, onde a empresa é obrigada a enviar relatórios regulares, a plataforma perdeu mais de 5 milhões de usuários ativos nos últimos seis meses — de 111,4 milhões para 106 milhões.
Nos Estados Unidos, foram mais de 115 mil contas desativadas apenas na quarta-feira após as eleições presidenciais do país — o maior número desde que Elon Musk assumiu o comando do site.
Com essas tendências, é uma aposta relativamente segura dizer que o Bluesky deve se consolidar como a plataforma de microblogging favorita dos que saíram do X para se afastar das peripécias de Elon Musk, com suas guerras culturais e fake news. Já o Threads, deve ganhar a honrosa posição de gigante que ninguém lembra que existe.