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Pintura criada por robô humanoide é leiloada por mais de R$ 6 milhões

Retrato que mostra Alan Turing foi criado por Ai-Da e é considerada a primeira obra de arte criada por um robô a ser vendida em leilão

Tela Azul|Filipe SiqueiraOpens in new window

Ai-Da tem câmeras no lugar dos olhos e usa um braço robótico para pintar Divulgação/Ai-Da Robot Studios

O mercado de arte vive um novo momento. Após os NFTs fracassarem de forma retumbante na tentativa de se tornarem o futuro da arte, o mundo conheceu um robô que pintou quadros e leiloou um deles por mais de US$ 1 milhão.

Ainda que artes feitas por inteligência artificial não sejam exatamente uma novidade, um robô pintar quadros e alguém comprá-los em um leilão era algo inédito até agora, cujas consequências ainda não podemos mensurar.

Quadro retrata o matemático Alan Turing, pioneiro da computação Divulgação/Ai-Da Robot Studios

O feito foi creditado à Ai-Da, um robô humanoide com rosto feminino, cabelos curtos e macacão — pose completa de artista. Tem braços biônicos e câmeras no lugar de olhos, além de ser capaz de falar. Não é por acaso que foi descrita como “o primeiro robô humanoide ultrarrealista do mundo”.

A obra leiloada no início de novembro não poderia ser mais simbólica: um quadro de 2,2 m de Alan Turing, gênio britânico e um dos precursores da computação, que decifrou o código de comunicação Enigma, usado na comunicação das forças armadas da Alemanha nazista durante a 2ª Guerra.


Foi vendido por nada menos que US$ 1,08 milhão (R$ 6,21 milhões, no câmbio atual), superando bastante as previsões otimistas de vendas na casa de US$ 150 mil. Segundo o comunicado da galeria Sotheby’s, responsável pelo leilão, o quadro “é inspirado em Guernica, de Pablo Picasso (…), que retrata o sofrimento humano por meio de estéticas fragmentadas e distorcidas”.

Usando uma IA, Ai-Da — cujo nome é uma homenagem à Ada Lovelace, matemática britânica e pioneira da programação — afirmou em um comunicado oficial: “O valor-chave do meu trabalho é sua capacidade de servir como um catalisador para o diálogo sobre tecnologias emergentes”.


Trabalho árduo

O robô artista foi concebido em 2019 pelo galerista Aidan Meller — a ideia era fundir uma IA geradora de arte no hardware de um robô realista, com peças cuidadosamente desenvolvidas por empresas de tecnologia e acadêmicos britânicos. Em 2022, o robô recebeu um braço que permitia que ele usasse equipamentos de pintura.

Meller descreveu as primeiras obras de Ai-Da como “etéreas e assustadoras”, e capazes de “questionar para onde o poder da IA nos levará”.


Ai-Da pintou várias versões do quadro antes da obra final para leilão Divulgação/Ai-Da Robot Studios

Segundo o Mashable, para fazer o quadro, Ai-Da pintou cerca de 15 versões da imagem de tamanho A3 usando o braço robótico. Cada uma delas levou de 6 a 8 horas de trabalho para ser terminada.

Para finalizar, a equipe do estúdio que cuida da obra dela perguntou como ela gostaria que a obra fosse montada, e depois imprimiu em uma tela gigante para o leilão.

“Ai-Da então adiciona marcas e textura na tela final para completar a obra de arte. O posicionamento e a cor dessas marcas são decididos por Ai-Da com base em uma conversa sobre o que ela quer fazer”, afirmou Meller, em entrevista ao Mashable.

Dada a repercussão do leilão, é bem provável que novas vendas de artes do tipo e novos robôs-artistas surjam aos montes nos próximos anos, transformando o mercado de arte como o conhecemos.

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