Murillo Antunes Alves
Arquivo RecordGetúlio Vargas estava no seu segundo ano de mandato como presidente do país quando a TV Record Canal 7 foi fundada. O “pai dos pobres” reunia multidões em estádios de futebol para ouvir seus longos discursos. Embora fosse popular, Vargas enfrentava grande oposição e violentos ataques das elites e entre as Forças Armadas, que culminaram no desfecho trágico de agosto de 1954.
O mundo vivia um dos momentos mais tensos da Guerra Fria, marcado pelo início da corrida armamentista nuclear após a União Soviética explodir sua primeira bomba. Os Estados Unidos atravessavam o auge das perseguições anticomunistas, o chamado macarthismo.
Nesse cenário, a nova emissora lançou, logo no primeiro dia, seu telenoticiário e para isso contou com nomes como Murillo Antunes Alves, conhecido setorista em política. Na época da inauguração da TV Record, ele já era veterano do rádio, onde começou a trabalhar em 1938. Na Rádio Record foi contratado em 1947.
Sem um modelo próprio a seguir, as TVs pioneiras foram buscar no rádio e em seus repórteres mais experientes o primeiro formato para o telejornalismo. Afinal, mesmo nos Estados Unidos, de onde os brasileiros copiavam quase tudo em matéria de comunicação, a televisão ainda penava para construir uma identidade própria. Para comandar o jornalismo da TV Record foi chamado Wandick de Freitas, que passou a acumular a função com o trabalho de chefe de reportagem da Rádio Record. Junto, trouxe sua equipe.
Carros de reportagem década de 50
Arquivo RecordO primeiro noticiário foi ao ar às 22 horas de 27 de setembro de 1953, logo após o show de inauguração. O Record em Notícias, um telejornal sem muitos recursos realizado num pequeno estúdio e com apenas uma câmera. Para vencer a dificuldade da limitação técnica, os jornalistas apareciam no vídeo em tomadas bem fechadas, seguravam os microfones e as laudas com as notícias caso esquecessem o texto. Para ilustrar as notícias, algumas fotos dos fatos narrados eram projetadas para o telespectador.
Pouco tempo depois em 1954, o noticiário passou a mostrar filmes de 16mm com o repórter lendo o texto da notícia em off, enquanto as imagens eram exibidas. Quase sempre eram notícias internacionais.
O aparecimento do teleprompter, no final da década de 50, representou uma revolução no telejornalismo. Em termos de sofisticação, porém, o primeiro aparelho estava tecnologicamente mais próximo da prensa de Gutemberg: não passava de uma caixa com um rolo de papel, semelhante a um rolo de papel higiênico, onde eram datilografadas as notícias. O controle era feito por um pedal acionado pelo próprio apresentador.
No próximo post: Como era o dia a dia da reportagem em 1953.
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